terça-feira, 18 de maio de 2010

Lógica fuzzy auxilia no autoconhecimento e nos testes vocacionais

O matemático Ronaldo Baumgartner, da Unicamp, desenvolveu programas computacionais que permitem a utilização da lógica fuzzy em testes vocacionais.

A ideia é, num primeiro momento, criar um software que permita ao usuário o autoconhecimento e a possível escolha da profissão e, em longo prazo, desenvolver um jogo do tipo Second Life em que, a partir de situações simuladas, a pessoa possa identificar características de sua personalidade.

"O autoconhecimento é o grande norte para o trabalho e a lógica fuzzy, ao contrário da lógica clássica, permite trabalhar com incertezas", explica o matemático.

Lógica fuzzy

A lógica fuzzy, ou lógica difusa, ao contrário da lógica booleana tradicional, admite valores não-binários, intermediários entre o falso - normalmente representado pelo 0 - e o verdadeiro - normalmente representado pelo 1.

Ao englobar conceitos estatísticos, sobretudo na área da inferência, a lógica difusa permite avaliar conceitos não-quantificáveis, como a intensidade de sentimentos ou a avaliação de argumentos, que podem variar desde absolutamente correto até absolutamente falso, com todas as variações intermediárias.

Habilidades sensoriais, cognitivas e emocionais

Baumgartner conta que tudo começou a partir da preocupação de um professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), onde ele também leciona, em fornecer aos alunos do curso de agronomia, dicas quanto ao curso e suas disciplinas, por meio da análise de suas habilidades, sonhos e medos.

O professor Fábio Nolasco tem formação em agronomia, mas possui um interesse grande no campo do autoconhecimento e desenvolve um projeto denominado Método Habilis, que permite uma referência do potencial de cada pessoa a partir de parâmetros das habilidades sensoriais, cognitivas e emocionais.

Introspecção

Segundo o matemático, todo o mérito do trabalho está na área de atuação do professor Fábio Nolasco.

Ele simplesmente teve o insight de recorrer à lógica fuzzy para traduzir as aspirações do agrônomo.

"O objetivo maior é desenvolver uma ferramenta em que a pessoa possa se auto-analisar e buscar as respostas dentro de si. Poderá, por exemplo, definir papéis profissionais dentro da profissão escolhida para investir o seu potencial. Ou, ainda, identificar as várias facetas que compõem as suas habilidades, sonhos e medos, e buscar melhorias. Enfim, ocorreu que eu compreendi os objetivos do professor Nolasco e idealizei uma aplicação para o método", explica.

Teste vocacional

O método de inferência fuzzy, desenvolvido por Baumgartner, traz 105 itens de pesquisa para serem analisados, segundo 21 "funções profissionais", baseadas no conhecimento existente no mercado de trabalho.

Assim, a pessoa auto-analisada terá uma informação: em quais funções, os seus sonhos e habilidades lhe ajudarão, ou ainda, em que pontos deve melhorar, por meio de treinamentos ou tratamentos.

Tipos de inteligência

O próximo passo será a construção do banco de dados, que fornece as condições para o processo de inferência fuzzy relacionar as disciplinas do curso de zootecnia da UFMT com os 105 tipos de inteligências existentes nos sonhos, medos, habilidades sensoriais, cognitivas e emocionais.

Com isso, os alunos do curso serão auxiliados, na tentativa de minimizar suas angústias e antecipar ações cujo objetivo é torná-los mais felizes e, consequentemente, melhores profissionais.

Como o matemático tem uma experiência de quase 20 anos na área de desenvolvimento de sistemas, o grande desafio será conseguir os recursos financeiros para que o projeto avance para o jogo. "Fazer jogo não é barato e nem simples. Demanda muito esforço intelectual e verba para o desenvolvimento. Mas, nosso objetivo é chegar lá", destaca.

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