E este câncer é resistente às terapias atuais. Além disso, a exposição ao amianto aumenta o risco de câncer de pulmão entre os fumantes.
Mas ainda havia um mistério: as fibras de amianto matam as células. Assim, os cientistas não entendiam como é que o amianto origina o câncer, já que uma célula morta não pode crescer e formar um tumor.
Nos últimos 40 anos, inúmeros pesquisadores tentaram resolver este que é chamado o "paradoxo do amianto."
Morte celular programada
Agora eles obtiveram a resposta, que aparece em um estudo publicado na última edição da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Haining Yang e Michele Carbone, da Universidade do Havaí, lideraram uma equipe de cientistas que incluiu colaboradores das universidades de Nova Iorque, Chicago e Pittsburgh, todas nos Estados Unidos, além da Universidade San Raffaele de Milão e do Imperial College em Londres.
O grupo descobriu que, quando o amianto mata as células, ele o faz através da indução de um processo chamado morte celular programada, ou apoptose, que libera uma molécula chamada HMGB1 (High-Mobility Group Box 1 Protein).
A HMGB1 inicia um tipo particular de reação inflamatória que provoca a liberação de agentes mutagênicos e fatores que promovem o crescimento do tumor.
Diagnóstico e tratamento do mesotelioma
Os pesquisadores descobriram que pacientes expostos ao amianto têm níveis elevados de HMGB1. Desta forma, defendem os cientistas, pode ser possível usar a HMGB1 como um alvo para prevenir ou tratar o mesotelioma.
Além disso, pode ser possível identificar grupos populacionais que foram expostos ao amianto por meio de simples testes sorológicos que meçam os níveis da proteína HMGB1.
Para testar suas hipóteses, os cientistas planejam agora realizar um teste clínico em uma região na Capadócia, na Turquia, onde 50% da população morre de mesotelioma maligno. Se os resultados forem positivos, a abordagem será alargada a duas coortes de indivíduos expostos ao amianto nos Estados Unidos.
Inflamação e câncer
Esta pesquisa destaca o papel da inflamação na origem de diferentes tipos de cânceres e fornece novas ferramentas clínicas para identificar os indivíduos expostos, além de potencial para evitar ou diminuir o crescimento do tumor.
Os cientistas especulam se seria possível impedir o surgimento do mesotelioma, assim como do câncer de cólon, simplesmente tomando aspirina ou drogas similares, que interrompem os processos inflamatórios. Eles pretendem testar também esta hipótese.
Fonte: Diário da Saúde
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