O grande sonho dos cientistas, contudo, sempre foi o de induzir uma resposta imunológica que dure toda a vida da pessoa.
Eles têm tateado no escuro há muito tempo em busca desse "santo remédio".
Agora eles parecem ter encontrado um ponto de referência nessa escuridão, com a ajuda da nanotecnologia.
Vírus artificial
Cientistas do Centro de Vacinas Emory, nos Estados Unidos, criaram minúsculas nanopartículas que se assemelham aos vírus, tanto no tamanho como na composição imunológica, e que induziram a "imunidade vitalícia" em camundongos.
Os resultados em macacos foram igualmente promissores.
Esses vírus artificiais reproduziram com sucesso os efeitos imuno-estimulantes de uma das vacinas de maior sucesso já desenvolvidas - a vacina contra a febre amarela.
As nanopartículas, feitas de polímeros biodegradáveis, têm componentes que ativam dois elementos diferentes do sistema imunológico, e podem ser usadas com materiais extraídos de vários tipos de bactérias ou vírus.
"Estes resultados desvendam um antigo enigma em vacinologia: como fazer com que as vacinas induzam uma imunidade duradoura," explicou Bali Pulendran, coordenador do estudo, que foi publicado na revista Nature.
Receptores TLR
As nanopartículas podem se tornar uma ferramenta importante para substituir o material viral - esse material nem sempre está ao alcance da mão quando se trata de pandemias ou no surgimento de novas infecções - e para ajudar no desenvolvimento de vacinas para doenças ainda não contempladas com soluções efetivas de prevenção, como HIV, malária, tuberculose e dengue.
Os pesquisadores se inspiraram na vacina contra a febre amarela, desenvolvida nos anos 1930 e que oferece proteção por décadas.
Esta vacina estimula receptores do sistema imunológico conhecidos como TLR (Tool-Like Receptors), moléculas produzidas pelas células que, ao detectar "produtos" dos vírus, bactérias e parasitas, ativam uma resposta do sistema imunológico.
O grupo do Dr. Pulendran descobriu que o sistema imunológico detecta a vacina contra a febre amarela por meio de múltiplos TLRs.
"Os TLRs são como um sexto sentido dos nossos corpos, porque eles têm uma capacidade requintada para detectar vírus e bactérias e transmitir esta informação para estimular a resposta imunológica," explicou o pesquisador.
"Descobrimos que, para obter a melhor resposta imunológica, é preciso acertar mais de um tipo de receptor tipo Toll. Nosso objetivo foi criar uma partícula sintética que realiza essa tarefa," completou.
Anticorpos
As nanopartículas são feitas de um plástico especial e biocompatível, chamado PLGA, atualmente utilizado para enxertos e suturas biodegradáveis. Todos os componentes da fórmula das nanopartículas já são aprovados para uso humano.
Nos testes em camundongos, as nanopartículas estimularam a produção de anticorpos para proteínas do vírus da gripe e da bactéria do antrax.
Mais importante, as células do sistema imunológico persistiram nos gânglios linfáticos por, pelo menos, 18 meses, praticamente o tempo de vida da cobaia.
Nos testes com macacos, as nanopartículas acrescidas das proteínas virais induziram respostas fortes cinco vezes maiores do que a resposta induzida por uma dose da mesma proteína viral isolada, sem as nanopartículas.
Ainda não há previsão para o início dos testes desses vírus artificiais em humanos.
Fonte: Redação do Diário da Saúde
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