A embalagem possui em sua composição extratos de óleos essenciais com função antimicrobiana, que ajudam a conservar os produtos embalados por mais tempo.
Além disso, a adição de nanopartículas de argila tornou a embalagem mais resistente e menos permeável à entrada de água e oxigênio, evitando o desenvolvimento de micro-organismos.
Óleo essencial natural
A pesquisa, além de formular uma embalagem de fonte renovável que substitua as de plástico comum e diminua seu impacto no meio ambiente, procurou adicionar à mistura um ingrediente com função adicional.
"A ideia foi acrescentar um óleo essencial natural com atividade antimicrobiana, como os de canela, cravo, pimenta, própolis e laranja", explica a professora Carmen Cecília Tadini, da Poli, que coordenou o trabalho. "Na medida em que a embalagem esteja em contato com o produto, ela libera esse ingrediente, evitando deterioração e aumentando a vida de prateleira".
Os estudos resolveram de modo satisfatório alguns problemas tecnológicos apresentados pelas embalagens a base de fontes renováveis.
"Devido às suas propriedades mecânicas, a embalagem de fécula de mandioca era pouco resistente, por essa razão foram acrescentadas nanopartículas de argila à sua base, o que aumentou a resistência à tração", diz a professora. "A presença de nanopartículas de argila também tornou a embalagem menos permeável, criando uma barreira para a entrada de umidade e oxigênio, inibindo o desenvolvimento de bactérias e fungos".
Fluido supercrítico
Para testar uma nova metodologia, o grupo de pesquisa obteve sucesso impregnando cinamaldeído à embalagem com o uso da tecnologia de fluido supercrítico.
O cinamaldeído é o componente ativo mais expressivo do óleo extraído da canela.
A nova técnica mostrou-se vantajosa e mais eficiente quando comparada à técnica de impregnação convencional. Além de ocultar o forte cheiro residual da canela, um maior conteúdo de cinamaldeído foi incorporado por grama de embalagem, o que a deixou com maior poder antimicrobiano contra fungos e bactérias.
O grupo registrou duas patentes para a embalagem com fécula de mandioca: uma de embalagem ativa (com óleo essencial) e a embalagem inteligente (com extrato de antocianinas).
"Existe uma grande demanda de empresas interessadas", destaca a professora. "Boa parte dessas indústrias negocia a implantação do sistema de embalagens para aplicações que não são alimentares, o que abre novas possibilidades de utilização".
Embalagem inteligente
O segundo tipo de material desenvolvido no Laboratório é a embalagem inteligente, que utiliza extratos ricos em antocianinas, pigmentos naturais que dão cor arroxeada a vegetais e frutas (uva, jabuticaba, açaí, repolho-roxo).
"Conforme se altera o pH do meio, as antocianinas mudam de cor", explica Carmen. "Uma vez presentes nas embalagens, conforme acontece a deterioração do produto, há mudança de pH, alterando sua cor".
Uma escala de cores acompanha a embalagem para que o consumidor possa identificar as alterações.
Fonte: Agência USP
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