quinta-feira, 24 de julho de 2008

Gigantes da eletrônica vão criar padrão sem fio para alta definição

A Sony, a Samsung e outros pesos-pesados da eletrônica se uniram para apoiar uma tecnologia que pode enviar sinais de vídeo de alta definição sem fio de um único aparelho para telas espalhadas por toda a casa.

O consórcio é um importante avanço na corrida para se criar um modo definitivo de substituir emaranhados de fios de vídeo, mas não a decide de todo, já que tanto a Sony quanto a Samsung estão também apoiando uma tecnologia concorrente.

No novo consórcio, a Sony e a Samsung Electronics, acompanhadas pela Motorola, Sharp e Hitachi, vão desenvolver um padrão para a indústria com base na tecnologia WHDI, ou Wireless Home Digital Interface (Interface digital doméstica sem fio), desenvolvida pela Amimon, uma empresa sediada em Israel.

“Se você tem uma TV em casa, essa TV vai conseguir acesso a qualquer fonte de imagens da casa, seja um aparelho na sala, ou o PlayStation no quarto, ou um aparelho de DVD em outro quarto. Essa é a mensagem da tecnologia WHDI”, disse Noam Geri, co-fundador da Amimon.

A Amimon já está vendendo chips que cumprem parte dessa promessa, mas a criação de um grande grupo de líderes do setor torna mais plausível a possibilidade de que consumidores venham a poder comprar aparelhos compatíveis com a WHDI, oriundos de diferentes fabricantes, e fazer com que todos trabalhem juntos.

Geri espera que TVs com os chips da Amimon cheguem às lojas no ano que vem, custando cerca de US$ 100 a mais que TVs equivalentes, sem o sistema wireless.

O streaming de vídeo de alta definição sem fio é um problema de engenharia relativamente trabalhoso que muitas empresas estão tentando resolver. Isso pode acontecer com versões mais rápidas do Wi-Fi, uma tecnologia já presente em muitos lares, mas que requer “compressão”, ou redução da taxa de dados, o que resulta na degradação da qualidade das imagens. Também há um atraso na transmissão, já que os chips nas duas pontas precisam comprimir e depois descompactar a imagem.

Isso causou uma intensificação nas pesquisas sobre tecnologias de rádio que são mais rápidas e que requerem menor compressão. Um concorrente que apareceu primeiro no mercado é o WirelessHD, baseado em tecnologia da SiBEAM, de Sunnyvale, na Califórnia. Ela usa uma freqüência aberta da banda de rádio, a de 60 gigahertz, para uma transmissão ultra-rápida de vídeo não compactado, mas pode estar a muitos anos da comercialização.

Seu alcance é limitado, o que significa que pode ser usado em links no mesmo ambiente, mas não para criar a rede em toda uma casa, como a WHDI. A Sony também é parte do grupo do WirelessHD, e está apoiando o padrão WHDI para ter “mais opções”, anunciou a empresa em comunicado.

A Samsung, por outro lado, considera a WHDI um recurso provisório até que o WirelessHD e sua melhor qualidade de imagem estejam disponíveis.

JaeMoon Jo, vice-presidente de pesquisa de TV da Samsung, disse que a empresa acredita que o WirelessHD vai ser a “melhor solução em longo prazo”.

Outra tecnologia wireless no páreo é a ultra-banda-larga, ou UWB. Ela requer uma compressão ainda menor que o Wi-Fi, mas seu alcance é mais limitado, geralmente para redes em um mesmo ambiente. A Monster Cable Products planeja lançar um kit que produz um link de vídeo sem fio usando a UWB.

A tecnologia WHDI é menos exótica que a WirelessHD ou UWB. Ela usa uma freqüência de rádio em 5 gigahertz que é usada por alguns aparelhos de Wi-Fi, o que significa que pode levar vantagem ao aproveitar as pesquisas desenvolvidas nessa área. Para superar as limitações da largura de banda, a Amimon usa um truque inteligente ao invés de compressão.

Antes da transmissão, os chips da Amimon separam os componentes importantes do sinal de vídeo, aqueles que fazem verdadeira diferença para o espectador, dos menos importantes, como os que respondem por pequenas variações de cor em uma área de tamanho modesto. O sistema em seguida prioriza as partes importantes, e dedica menos esforços a levar ao receptor as nuanças mais sutis.

Isso significa que a transmissão trabalha a distâncias relativamente longas, ainda que com qualidade de imagem relativamente inferior à medida que a distância se amplia.

A Motorola considerou tecnologias concorrentes, mas a WHDI é o único grupo ao qual ela aderiu devido à abordagem “extremamente singular” da Amimon, disse Paul Moroney, pesquisador da Motorola que trabalha com a WHDI.

A Motorola planeja incluir a tecnologia em seus decodificadores de televisão, usados por muitas operadoras de TV a cabo em todos os Estados Unidos. Mas o primeiro produto será provavelmente um par de adaptadores que conversam sem fio um com o outro. Um deles poderia ser afixado ao decodificador e outro ao televisor, disse Moroney.

A Belkin International já vende um par de adaptadores baseados nos chips da Amimon, por US$ 1 mil, e a Sony anunciou que lançará equipamento semelhante para os seus televisores. Moroney disse que a Motorola espera colocar um kit no mercado por preço significativamente inferior ao da Belkin, no ano que vem, quando a tecnologia tiver amadurecido.

Kurt Scherf, analista da Parks Associates, apontou para o fato de que as tecnologias de transmissão sem fio de vídeo são objetivo de discussão e de rumores há muitos anos, mas que até agora elas não conseguiram se provar à altura das promessas a seu respeito. Os instaladores profissionais de vídeo e áudio pesquisados por sua empresa não demonstraram grande entusiasmo quanto à transmissão sem fio, porque temem problemas de confiabilidade.

Ainda assim, ele disse, o alcance do sistema WHDI deve bastar para prover uma vantagem a essa tecnologia, porque permite que ela faça mais do que simplesmente substituir um cabo no centro de entretenimento doméstico.

Fonte: Terra

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