“De 2003 para cá houve uma grande revisão do projeto do VLS”, conta o diretor de política espacial e investimentos estratégicos da AEB, Himilcon Carvalho.
O primeiro teste com o VLS-1, como é chamado o foguete, está previsto para 2012, informa Carvalho. Nessa fase, serão acionados apenas os dois primeiros estágios do propulsor, que ficam na parte inferior. Em 2013 se prevê um voo com a carga total, mas ainda experimental. “Em 2014 vamos poder colocar um satélite em órbita”, afirma.
O cronograma está atrasado. No Programa Nacional de Atividades Espaciais, formulado em 2005, o lançamento oficial do VLS-1 estava previsto para 2007. “Muitas vezes a gente se depara com dificuldades técnicas”, conta Carvalho. Uma delas, segundo ele, é a dificuldade de comprar componentes eletrônicos do exterior, já que essas peças também podem ser usadas com fins militares, e seu mercado é restrito.
Enquanto o VLS não fica pronto, o Brasil contrata serviços no exterior para lançar seus satélites. Hoje há três equipamentos brasileiros em órbita. Dois deles – os SCD 1 e 2 – captam informações sobre dados ambientais (nível de rios, quantidade de chuvas) de centenas de estações espalhadas pelo Brasil.
Um satélite mais avançado, chamado CBERS-2B, tira fotos do planeta e ajuda o Brasil a monitorar o desmatamento da Amazônia. O equipamento, fabricado em parceria com a China, já é o terceiro de uma família de cinco membros – mais dois devem ser lançados até 2014.
Na fila de desenvolvimento também estão outros satélites brasileiros: o Amazônia-1, que terá uma câmera com maior ângulo de visão do que o CBERS, e o Lattes, que irá analisar partículas nocivas que vêm do espaço e atingem a terra, além de descobrir fontes de raio-x no centro da via láctea.
“Tendo o Amazonia-1 e o CBERS conseguiremos fotografar o mundo todo em três dias”, informa o coordenador de Gestão Tecnológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marco Antonio Chamon.
Nenhum dos satélites previstos, contudo, poderá ser carregado pela versão do VLS que ficará pronta em 2014. Eles são muito pesados para a capacidade do foguete, que provavelmente fará seu vôo de estreia com um equipamento menor, como o satélite universitário Itasat, que está sendo planejado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Com os pés no chão
Ao contrário dos EUA e da Rússia, o Brasil não tem grandes pretensões de exploração espacial, como a confecção de naves espaciais ou a construção de máquinas que explorem outros planetas, informa Carvalho.
“O grande objetivo da política espacial [brasileira] é dominar a tecnologia espacial para a solução dos grandes problemas nacionais e em benefício da sociedade brasileira”, explica. “Quando olhamos aquecimento global, poluição, desmatamento, vemos que há uma série de questões importantes que têm impacto direto sobre a sociedade brasileira.”
Por isso, todos os satélites que planejados ou em órbita olham para a terra, e não para as estrelas. A única exceção seria o Lattes, que analisará raios-x do espaço. Da mesma forma, o Brasil também não planeja ter astronautas. Segundo Carvalho, os experimentos científicos nacionais que precisam ser feitos no espaço serão enviados por meio de missões de outros países.
Fonte: G1
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