Serão os sistemas de inteligência artificial atuais realmente mais inteligentes do que aqueles projetados 20 anos atrás?
E como determinar se os robôs ou os sistemas destinados a extrair informações de bibliotecas digitais estão realmente se tornando mais inteligentes?
As respostas a estas questões são cruciais, entre outras situações, para determinar se haverá ganhos reais em atualizar a versão de um sistema de inteligência artificial.
E, no futuro, poderão representar uma métrica para avaliar se uma nova geração de robôs assistentes é de fato mais inteligente do que o velho robô que lhe vem ajudando há tantos anos.
Teste Universal de Inteligência
Para tentar responder a questões desse tipo, os pesquisadores procuram por aquilo que eles chamam de Teste Universal de Inteligência.
Segundo os teóricos, há vários elementos essenciais para caracterizar um teste de inteligência realmente universal.
Tudo começa com um teste que possa ser aplicado a qualquer sujeito, seja ele biológico ou não.
A segunda exigência é que ele possa ser aplicado ao sujeito em qualquer fase do seu desenvolvimento. Se for um ser biológico, o teste deve funcionar igualmente para crianças e adultos; se for um ser não-biológico, o teste deve ser aplicável a qualquer versão do "mecanismo".
É necessário ainda que se garanta que o teste não fique obsoleto: para ser universal, ele deve servir para qualquer sujeito ou sistema, agora e no futuro.
O teste universal de inteligência também não deve ser preconceituoso: ele deve ser capaz de mensurar qualquer nível de inteligência, em uma escala de zero a genial.
Por fim, o teste deve incremental e conclusivo em qualquer ponto de sua aplicação - em outras palavras, deve ser possível interromper o teste a qualquer momento e, ainda assim, ter-se uma métrica razoável da inteligência.
Cálculo de complexidade
Essa característica de um teste que possa ser interrompido a qualquer momento é particularmente desafiadora porque isto é muito diferente dos atuais testes psicométricos, utilizados pelos psicólogos, ou mesmo dos testes de inteligência artificial, como o teste de Turing.
Mas não é algo impossível de fazer. Pelo menos é o que se conclui de um trabalho apresentado por José Hernández-Orallo, da Universidade Politécnica de Valência (Espanha) e David Dowe, da Universidade Monash (Austrália).
"Nós desenvolvemos um teste de inteligência que pode ser interrompido a qualquer momento, mas que dá uma idéia mais precisa da inteligência do sujeito testado se houver mais tempo disponível para realizá-lo," afirmam os pesquisadores.
Eles usaram exercícios interativos em ambientes com um nível de dificuldade estimado pelo cálculo da chamada "Complexidade de Kolmogorov", um indicador que mede o número de recursos computacionais necessários para descrever um objeto ou um bloco de informação.
O uso de ferramentas matemáticas e computacionais para estruturar o teste torna-o conceitualmente muito diferente dos testes tradicionais que resultam em coeficientes de inteligência.
Paradigma humano
Segundo os pesquisadores, seu teste é a primeira aproximação de algo que permita avaliar sistematicamente o progresso dos sistemas de inteligência artificial, checando, por exemplo, se realmente há mais inteligência embutida em um sistema atual do que em uma versão anterior ou em um sistema de 20 anos atrás.
Mesmo a teoria, contudo, ainda não conseguiu superar o "paradigma humano": não há nenhuma conceituação teórica que trace os rumos para avaliar se um sistema teria mais inteligência do que a inteligência humana.
"A avaliação universal e unificada da inteligência, seja ela humana, animal não-humana, artificial ou extraterrestre, não vinha sendo abordada a partir de um ponto de vista científico até agora, e este [nosso trabalho] é um primeiro passo," concluem os pesquisadores.
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