sábado, 4 de junho de 2011

Brasileiros propõem novo sensor de velocidade aeronáutico

Após um ano de trabalho, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) concluíram um estudo sobre o funcionamento dos sensores de velocidade aeronáuticos, conhecidos como tubos de Pitot.

O tubo de pitot é um equipamento essencial para a segurança da aviação, sendo o responsável pela detecção de informações sobre a velocidade da aeronave durante um voo.

Agora os pesquisadores estão propondo um projeto que resultará em novas concepções desses sensores de velocidade, visando oferecer opções à indústria interessada em desenvolver sensores a serem usados pelas aeronaves.

O objetivo é construir o protótipo de um sensor de velocidade aeronáutico robusto e com um controle térmico mais eficiente do que os disponíveis hoje no mercado.

Túnel de vento para formação de gelo

Durante o estudo, os pesquisadores Renato Cotta e Átila Silva Freire, avaliaram também as causas do acidente do voo Air France 447, ocorrido em maio de 2009, por meio de testes em túneis de vento e em voo.

Desde 2001, quando a Air France recebeu o primeiro A330 equipado com o Pitot Thales, uma série de falhas devido ao congelamento do sensor de velocidade foram reportadas, incluindo 9 incidentes mais sérios entre 2008 e 2009, sendo que um deles foi fatal, o do voo AF447, ocorrido em maio de 2009, que resultou num total de 228 vítimas.

O estudo objetiva permitir ao Brasil desenvolver sensores resistentes a temperaturas extremas. "A ideia é prover uma infraestrutura que o Brasil não tem, de um túnel de vento para formação de gelo, para que a gente possa estudar situações atmosféricas onde ocorrem formação de gelo em sensores. Hoje, o Brasil não tem uma instalação desse tipo", disse Cotta.

O túnel de vento é um equipamento de laboratório onde se fazem testes de aerodinâmica e se desenvolvem os sensores aeronáuticos. "A gente quer desenvolver o primeiro túnel de vento de formação de gelo no Brasil".

Sensores alternativos

Cotta revelou que, em seguida, a ideia é trabalhar em cima de novas concepções de tubos de Pitot para oferecer alternativas ao mercado. Ele disse que o Airbus que fazia o voo AF 447 tinha três tubos de Pitot idênticos que já haviam falhado anteriormente. A sua substituição foi recomendada 12 meses antes do acidente, destacou.

O pesquisador avalia que os sensores usados nos aviões não devem ser absolutamente idênticos, isto é, baseados no mesmo princípio

Cotta afirmou que, embora não haja ainda uma interpretação definitiva da sequência de eventos que levaram ao acidente com o voo 447, já há uma certeza: "é incontestável a falha dos tubos de Pitot. Os sensores de velocidade forneceram leituras inconsistentes de velocidade devido ao congelamento dos sensores".

Para dar prosseguimento às pesquisas, entretanto, os pesquisadores da Coppe necessitam de investimentos da ordem de R$ 3 milhões, que deverão ser buscados nas agências de fomento.

"Como é um investimento de pesquisa e desenvolvimento, a gente deve buscar o caminho das agências de fomento, até ter a concepção de um sensor de velocidade alternativo e aí, sim, tentar despertar o interesse da iniciava privada para investir na sua industrialização", disse.

Renato Cotta afirmou ainda que uma vez assegurados os recursos necessários ao projeto, a expectativa é poder apresentar a nova concepção alternativa desses sensores de velocidade no prazo de dois anos.

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