Essa codificação é uma representação das informações sob forma de pulsos elétricos.
Os estudos, que duraram cinco anos, são coordenados pelo professor Reynaldo Daniel Pinto e envolveram siris como cobaias.
Segundo os pesquisadores, os neurônios do siri funcionam por mecanismos muito similares aos dos humanos.
Ruído na central telefônica
Os pulsos elétricos que representam o movimento motor do estômago do crustáceo, embora constantes, apresentaram uma peculiaridade: variações que, em princípio, foram consideradas, por diversos estudiosos, sem importância.
Mas os pesquisadores brasileiros descobriram que um único neurônio fazia o papel de uma "central telefônica", enviando ao cérebro ações realizadas por outros órgãos do siri.
"Usamos um computador para simular o neurônio biológico do siri. Aquilo que os cientistas acreditavam ser insignificante, ao que chamaram de 'ruído', exerce papel fundamental no organismo em questão: além da função motora, ele codifica, simultaneamente, o que faz o outro neurônio ligado a ele", explica o docente.
Neurônio telefonista
Ou seja, os "ruídos" descritos anteriormente, considerados, por muitos estudiosos, sem função, são, na realidade, de extrema importância.
"Se qualquer informação chega ao cérebro, ela vem tanto do músculo quanto do neurônio intermediário, que, por sua vez, contém o comando dado pelo músculo e gera um ritmo periódico para o funcionamento do sistema", explica Reynaldo.
E o neurônio intermediário não apenas avisa o cérebro sobre o que está acontecendo, como também entra em detalhes.
Ele avisa quando a ação foi realizada e seu autor, poupando o cérebro de um contato imediato com cada um dos órgãos.
"Nosso grupo foi capaz de comprovar essa 'nova função' do neurônio, em siris e lagostas. Espera-se que esse resultado seja, também, encontrado em neurônios de outras espécies, incluindo a nossa", afirma Reynaldo.
Implicações sobre o estudo do cérebro
A maneira de entender como o cérebro controla as coisas pode ser totalmente alterada depois desse estudo.
"Imagine que você está andando e o cérebro sabe que você contraiu um músculo da coxa. Se contraiu demais ou de menos, ele precisa saber e sensores espalhados no músculo passam tal informação.
"Mas, essa informação não será passada diretamente. Algum neurônio é que fará esse intermédio e o cérebro, além do acesso a essa informação, tem conhecimento sobre o que o circuito de comando do músculo fez, o que pode ser considerado um ajuste 'mais fino' de nosso corpo", explica o pesquisador.
Tosse ou soluço
A principal importância desse novo mecanismo é a previsão mais eficiente sobre certas ocorrências dos organismos.
No caso do siri, por exemplo, imagine que, enquanto ele se alimenta, um pequeno pedaço de pedra é engolido junto com a comida e entope o aparelho digestivo.
O sensor muscular que, até então, enviava sinais ao cérebro de contração periódica, irá cessar. Mesmo que o cérebro continue sendo avisado dos movimentos de contração, pelo mecanismo descoberto, ele [cérebro] receberá um relatório "incomum".
"Dessa forma, o cérebro tem conhecimento de que há algo errado no movimento do músculo e induzirá uma ação, como tosse ou soluço, por exemplo, para solucionar o problema", exemplifica Reynaldo.
Fonte: Redação do Diário da Saúde
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