O estudo está sendo conduzido pelo pesquisador do Hemocentro de Ribeirão Preto, o professor Júlio César Voltarelli, em parceria com os oftalmologistas Rodrigo Jorge, André Messias e Rubens Siqueira, da USP.
Três voluntários que apresentavam menos de 10% de visão já receberam uma injeção de células-tronco, implantadas na cavidade vítrea do globo ocular, em uma espécie de gel que fica sobre a retina. Outros dois pacientes devem receber a injeção ainda nesta semana. A expectativa é que as células-tronco liberem substâncias que estimulem o funcionamento da retina e, consequentemente, resultem na recuperação da visão.
Células-tronco da medula óssea
O procedimento é feito em um único dia, sem necessidade de internação. As células são retiradas da própria medula óssea do paciente por meio de punção na altura da bacia e, em seguida, são processadas em um laboratório do Hemocentro de Ribeirão Preto. Cerca de quatro horas após a punção, o paciente recebe a injeção de células-tronco. Não há necessidade de internação e, caso o voluntário sinta muito desconforto, pode ser feito um curativo no local.
"É importante ressaltar que se trata de um estudo experimental, que visa avaliar a segurança do uso de células-tronco no tratamento da retinose pigmentar", destaca o oftalmologista Rodrigo Jorge. De acordo com ele, o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão que regulamenta os estudos realizados em humanos, autorizou o protocolo de pesquisa para uso em apenas cinco pacientes.
Monitoramento de tumores
Nesta etapa do estudo será avaliada a segurança do procedimento: se os pacientes vão apresentar tumores, alguma infecção ou inflamação ou se não haverá perda de visão. O acompanhamento ocorrerá mensalmente, durante um ano. Será realizada uma série de avaliações que vão aferir acuidade visual, circulação do fundo do olho, além de exames de eletroretinografia, que capta os impulsos elétricos das células fotorreceptoras da retina.
"Se os exames mostrarem que estas células voltaram a funcionar, poderemos considerar como um resultado interessante e promissor", afirma o médico. Dependendo dos resultados que serão enviados ao Conep, o órgão decidirá se haverá ou não continuação da pesquisa. "Por estas razões, não podemos ampliar o uso da terapia para outros pacientes. As pessoas interessadas neste tratamento devem aguardar esses resultados", ressalta o médico.
O que é retinose pigmentar?
A retinose pigmentar é hereditária. O grupo de pesquisadores estima que existe cerca de 40 mil pessoas com a doença. A cada 5 mil recém-nascidos, um tem a retinose que aparece até os 20 anos de idade.
Ainda não há tratamento contra a doença. O objetivo, por enquanto, é estudar a segurança da técnica e o comportamento das células-tronco em relação ao aspecto funcional da retina. "A nossa esperança é que as células-tronco possibilitem algum avanço na melhora visual dos portadores da retinose pigmentar", confirma Jorge.
Caso haja sucesso nos resultados, será possível que o tratamento com células-tronco possa ser aplicado também no combate a outras doenças de fundo de olho, como a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade.
Fonte: Diário da Saúde
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