Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram uma técnica que poderá mudar a forma como os biólogos cultivam e estudam células vivas.
O potencial da nova técnica é a sua simplicidade - tão fácil quanto usar uma toalha ou um filtro de papel.
Cultivo de células em laboratório
O cultivo de células em laboratório normalmente é feito em pequenos recipientes de vidro, chamados placas de Petri. Mas as células no organismo real não crescem em superfícies planas - elas crescem em três dimensões, para formar os órgãos.
Existem algumas técnicas para fazer isto, envolvendo a criação de suportes para as células crescerem, normalmente um gel, todas, entretanto, ainda longe da perfeição.
Como as células de diferentes pontos de um órgão consomem quantidades diferentes de oxigênio e alimento, essas culturas de laboratório não conseguem reproduzir as condições de um órgão real. Estudar as células de diferentes partes do gel, então, é ainda mais difícil.
Cultivo de células em papel
O trabalho do pesquisador Ratmir Derda consistiu em encontrar um suporte muito mais simples e fácil de manipular.
As células são cultivadas em um papel comum, que pode ser um filtro de papel ou um papel toalha. Sobre cada folha, as células formam uma camada bidimensional, exatamente como na placa de Petri. Desta forma, elas usufruem do benefício do enfoque bidimensional, que permite que todas recebam as quantidades adequadas de oxigênio e alimento.
A seguir, os pesquisadores vão empilhando as folhas de papel, cada uma com sua própria camada de células cultivadas. A porosidade do papel permite que as células se comuniquem, criando uma estrutura tridimensional que reproduz a estrutura de um órgão de forma mais precisa do que quando se utiliza o gel.
Os pesquisadores cultivaram um tumor 3D no suporte de papel que apresenta comportamentos similares ao câncer no organismo. Para estudar as células internas, basta retirar as folhas de papel sobrepostas, sem destrui-las.
Ferramenta de laboratório
O resultado poderá simplificar a criação de modelos tridimensionais realísticos de tecidos normais ou cancerosos, potencialmente tornando mais rápido e fácil testar compostos químicos candidatos a novos medicamentos.
"Esta pesquisa tem o potencial para se tornar uma ferramenta-padrão nos laboratórios, juntamente com as placas de Petri, em todos os trabalhos com células vivas," diz George Whitesides, um dos orientadores do trabalho. "Filtros e outros tipos de papel estão disponíveis em todos os lugares, e a técnica é flexível, servindo a vários propósitos, e extremamente simples."
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