Um grupo de pesquisadores franceses e noruegueses está aprimorando um georradar, um radar capaz de enxergar coisas enterradas no solo e o próprio solo e subsolo.
O objetivo da pesquisa é criar uma plataforma prática para a localização de cabos elétricos, adutoras e outros dutos, avaliar a segurança de túneis e encontrar fontes de vazamentos.
Mas a lista de aplicações possíveis é tão grande que os cientistas não descartam nem mesmo a utilidade do georradar para localizar "baús de tesouro" - os artefatos arqueológicos podem ser avaliados previamente para que não sejam danificados na escavação.
Radar geológico
Um georradar é um aparelho projetado para mapear objetos no subsolo.
Ele envia ondas eletromagnéticas em direção ao solo e sua antena captura os sinais que se refletem nos objetos e retornam para a superfície.
Esses sinais de retorno são utilizados para construir uma imagem desses objetos.
Já existem diversos modelos de georradar no mercado, mas os pesquisadores queriam avaliar o potencial de uso do equipamento em uma variada gama de pesquisas - sobretudo naquilo que eles chamam de "aplicações menos óbvias".
A pesquisa ajudou a aferir onde a técnica é mais precisa e dá melhores resultados.
Georradar na arqueologia
Sobretudo nas cidades históricas, é comum a localização de objetos históricos e arqueológicos quando da execução de escavações para a construção de prédios e instalação de serviços urbanos, como eletricidade, água e esgoto.
Ao contrário dos cinzéis e pincéis usados pelos arqueólogos, contudo, nesses trabalhos é mais comum usar uma pouco sutil escavadeira. O resultado é que, quando os objetos são detectados pelos operários, muitos deles já foram destruídos.
A pesquisadora Anne Lalagüe descobriu que as imagens geradas pelo georradar mostram objetos enterrados com precisão entre 90 e 95%.
Objetos maiores do que 10 centímetros foram localizados a profundidades de até três metros.
Segurança de túneis
O equipamento também se mostrou valioso na detecção de problemas de segurança em túneis.
Os túneis rodoviários são revestidos com uma camada de concreto para proteger a estrada da queda de pequenos detritos e, sobretudo, da água que permeia continuamente a rocha.
Isso praticamente inviabiliza a inspeção da própria rocha, a maior causa do colapso de túneis. Hoje, o trabalho exige perfuração da cobertura de cimento e coleta de amostras aleatórias, não necessariamente realizadas em pontos mais suscetíveis ao desabamento.
O georradar começa ajudando na verificação do espaçamento entre o revestimento de concreto e a rocha, mas pode também ser útil na avaliação da integridade estrutural da própria rocha, produzindo perfis contínuos, capazes de indicar áreas mais sujeitas a problemas.
Georradar na engenharia
A pesquisadora encontrou maior potencial de uso dos georradares na área de engenharia, sobretudo em estradas e túneis.
Como o trabalho foi realizado na Noruega, a utilidade mais destacada pela pesquisadora foi o monitoramento do efeito das baixas temperaturas do inverno sobre as estradas.
A profundidade de congelamento hoje tem que ser monitorada por meio de trincheiras cavadas ao longo da estrada - quando o gelo penetra muito, o asfalto precisa ser refeito.
"O radar permite a coleta de perfis contínuos, o que é mais barato e mais eficiente," diz a engenheira. "Quando danos mais severos são detectados, pode ser necessário utilizar uma tecnologia de asfalto mais adequada."
O georradar também poderá ser usado para minimizar a quantidade de sal jogado nas rodovias para derreter o gelo e evitar acidentes. Contudo, o sal acaba afetando o meio ambiente e aumentando o processo de corrosão dos carros.
Esta aplicação em particular é possível porque a pesquisa mostrou que os resultados do radar geológico dependem da concentração de sal no solo.
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