Estas foram duas das novidades apresentadas durante a 63ª Reunião da Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada em Goiânia.
Elas foram anunciadas pelo médico e pesquisador Mauro Martins Teixeira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Nacional de Ciência de Tecnologia em Dengue (INCT Dengue), do qual ele é o coordenador.
Sem vacina e sem tratamento
De acordo com o professor Mauro Martins, a dengue é um enorme problema brasileiro e mundial, e está em crescimento.
"Há mosquitos, infecção, doença e mortes demais", disse. "E não é por falta de conhecimento da população sobre como evitar a proliferação da doença. Qualquer criança sabe que se deve fazer para acabar com os criatórios de mosquitos, como tampar caixas d água e não deixar vasos e pneus com água parada, por exemplo. Mas esse conhecimento não se transforma em mudança de atitude."
Para piorar a situação, não há tratamento e nem vacina para a doença.
Outro caminho para controlar ou tratar a dengue são as pesquisas científicas, que podem levar ao desenvolvimento de novas drogas ou terapias.
Vigilância da dengue pela internet
Um dos trabalhos foi inspirado em um artigo publicado na revista científica Nature, em fevereiro de 2009, que mostrava que havia uma correlação quase exata entre a epidemia de gripe e as buscas feita por informações sobre doença no Google duas semanas antes da sua eclosão.
Surgiu assim, há cerca de sete meses, o projeto Vigilância da Dengue, baseado em um modelo computacional de análise espaço-temporal e pessoal pelo Twitter, desenvolvido em conjunto pelo INCT em dengue e pelo INCT para a WEB (InWEB).
"Partimos da hipótese de que a epidemia de dengue é refletida nas redes sociais e isto pode ser avaliado em quatro dimensões", explicou Mauro Martins. "Volume, localização, tempo e percepção pessoal."
Em outras palavras, quando há uma epidemia de dengue - ou outra doença - isso se reflete nas mensagens e comentários postados em sites de relacionamento, e isso pode ser monitorado.
Foi o que os pesquisadores fizeram, com a ajuda ajuda do InWEB. "Constamos que há uma forte associação entre dados oficiais de relato de dengue e o aparecimento de tweets (mensagens no Twitter) ao mesmo tempo e nas regiões da epidemia", disse. "Agora queremos ver se é possível detectá-la antes de sua constatação pelos dados oficiais, que levam até seis para serem divulgados."
Segundo Mauro Martins, as informações colhidas nas redes sociais podem ser úteis para predizer o risco de epidemia de casos de dengue em determinada localidade, para planejar medidas de comunicação e mobilização por meio da percepção das pessoas (grande volume de dados) nas redes sociais e para acompanhar o impacto e avaliar a eficácia dessas medidas. "Uma das vantagens é que isso pode ser feito com baixo custo", acrescentou.
Medicamento contra a dengue
O desenvolvimento de um medicamento para tratar a dengue é outra linha de ação da equipe de Mauro Martins.
Para isso, eles estão usando um fármaco, na verdade uma molécula chamada UK-74,505 ou modipafant, desenvolvida e testada por um grande laboratório na década de 80 para tratar da asma.
Ela não chegou a ser transformada em medicamento. Agora, Mauro Martins a patenteou para uso clínico em seres humanos.
Testes preliminares mostraram que o fármaco melhora o prognóstico clínico decorrente da infecção pelo vírus da dengue.
Fonte: SBPC
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