Não há medicamentos específicos e os únicos tratamentos recomendados para a doença são a ingestão de líquidos, repouso e antitérmicos não-esteróides para a febre. Mas uma boa notícia vem de um estudo publicado na edição desta quinta-feira (23/4) da revista Nature, que identificou fatores importantes para a infecção do vírus.
Proteínas de sustentação do vírus
Um grupo de cientistas nos Estados Unidos descobriu componentes celulares em mosquitos Aedes aegypti e em humanos que o vírus da dengue usa para poder se multiplicar após infectar os hospedeiros. São dezenas de proteínas das quais o vírus depende para o seu desenvolvimento.
Segundo o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas do governo norte-americano, que financiou a pesquisa, a descoberta de tais alvos pode levar ao desenvolvimento de drogas capazes de inibir um ou mais desses componentes, barrando a infecção e o desenvolvimento da doença.
Todos os vírus cooptam partes das células que invadem, mas os cientistas estimam que o vírus da dengue precise de muitos componentes dos hospedeiros, por ter um material genético próprio muito pequeno. Mas até agora poucos desses fatores haviam sido identificados.
Fatores genéticos
Mariano Garcia-Blanco, da Universidade Duke, e colegas usaram um modelo mais conhecido, da mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster), por suas semelhanças com o mosquito transmissor da dengue e pela disponibilidade de muitas ferramentas para determinar suas funções genéticas.
Os cientistas usaram uma técnica chamada de interferência de RNA para silenciar segmentos do genoma da drosófila e identificar de quais deles o vírus depende para crescer eficientemente. Encontraram 116 fatores genéticos, dos quais apenas cinco haviam sido descritos anteriormente. Dos 116, os pesquisadores verificaram que 42 têm correspondentes em humanos.
Silenciando o vírus
Em seguida, os pesquisadores usaram interferência de RNA e mosquitos vivos para testar se, ao silenciar alguns dos fatores, o vírus teria alguma redução na capacidade de infectar o tecido do intestino dos insetos. A resposta foi clara: observaram que o silenciamento reduzia grandemente a capacidade do o vírus se multiplicar no mosquito.
Segundo os autores do estudo, os resultados, embora preliminares, levantam a possibilidade de inibir propositalmente o crescimento do vírus em mosquitos. O que abre o caminho para, por exemplo, desenvolver um spray que possa ser usado não para matar os mosquitos, mas torná-los menos eficientes no transporte do vírus.
Como tais alternativas não atacariam o vírus diretamente, mas sim seu hospedeiro, o vírus teria menos oportunidade de desenvolver resistência a drogas.
Fonte: Diário da Saúde
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