Mas elas estão prestes a testar uma teoria que mais parece saída do roteiro de um filme de Hollywood: a teoria que afirma que a Lua pode ter se originado do choque da Terra com um planeta do Sistema Solar já extinto, chamado Theia.
Pontos de Lagrange
As duas sondas estão prestes a entrar em uma região muito especial do espaço entre o Sol e a Terra, conhecida como ponto de Lagrange.
Nos pontos de Lagrange a gravidade de dois corpos celestes - neste caso a gravidade do Sol e da Terra - se combinam para formar "poços gravitacionais". O nome é uma homenagem ao matemático Joseph-Louis Lagrange, que previu sua existência ainda no século 18.
Os cientistas acreditam que, nesses pontos, onde a gravidade de nenhum dos dois corpos celestes é suficiente para atrair para si o material que aí se encontra, os asteróides e a poeira estelar tendem a se aglutinar, vindo a formar novos corpos celestes. Aí pode estar a chave da origem da Lua.
Em busca de asteróides
As sondas Stereo vão passar por dois desses pontos, chamados L4 e L5.
Embora os pontos L4 e L5 sejam apenas pontos matemáticos, sua região de influência é gigantesca - cerca de 80 milhões de quilômetros ao longo da direção da órbita da Terra, e 16 milhões de quilômetros na direção do Sol.
Levará vários meses para que as sondas gêmeas Stereo passem através deles, com a Stereo A passando no ponto mais próximo do L4 em Setembro, e a Stereo B atingindo o ponto mais próximo do L5 em Outubro.
Durante sua passagem por esses poços gravitacionais, as sondas utilizarão um telescópio de grande campo de visão para procurar por asteróides orbitando a região.
"Estes pontos podem conter pequenos asteróides, que podem ser os remanescentes de um planeta do tamanho de Marte que se formou bilhões de anos atrás," afirma Michael Kaiser, cientista do projeto Stereo.
Theia, o planeta desaparecido
"De acordo com Edward Belbruno e Richard Gott, da Universidade de Princeton, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, quando os planetas [do Sistema Solar] ainda estavam crescendo, um mundo hipotético chamado Theia pode ter sido arrancado do L4 ou do L5 pela crescente gravidade de outros planetas em crescimento, como Vênus, arremessando-o em um curso de colisão com a Terra," explica Kaiser.
"O impacto resultante arrancou as camadas externas de Theia e da Terra, colocando-as em órbita. Esse material eventualmente coalesceu sob sua própria gravidade e formou a Lua."
Ou seja, segundo essa teoria, a Terra atual seria um planeta híbrido, formado pela junção da Terra original com o planeta Theia, menos as porções que entraram em órbita da nova Terra, por ocasião do choque dos dois planetas, que se transformaram na Lua.
A origem da Lua
Esse conceito do extinto planeta Theia é uma modificação da teoria do "impacto gigante" para a origem da Lua. A teoria explica propriedades enigmáticas da Lua, como o seu relativamente pequeno núcleo de ferro.
Na época do impacto, Theia e Terra seriam suficientemente grandes para se fundirem, permitindo que elementos mais pesados, como ferro, descessem para o centro para formar seus núcleos. Um impacto teria arrancado fora as camadas externas dos dois mundos, contendo principalmente elementos mais leves como silício. A Lua foi eventualmente formada a partir desse material.
A teoria do extinto planeta Theia e seu choque com a Terra poderá ser reforçada se a missão Stereo encontrar asteróides e descobrir que eles tenham composições semelhantes às da Terra e da Lua.
Fonte: Inovação Tecnológica
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