A pesquisa sobre o implante foi publicada na revista internacional Contraception, de autoria das médicas Milena Bastos Brito, com orientação da professora Carolina Sales Viera Macedo.
O implante é inserido sob a pele da paciente entre 24 e 48 horas após o parto. O estudo foi realizado com 40 mulheres que acompanhavam pré-natal no Hospital das Clínicas da FMRP. Metade usou o implante que foi inserido precocemente, entre 24 e 48 horas após o parto, e as outras 20 formaram o grupo controle, ou seja, seguiu a prescrição recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e iniciou o método contraceptivo somente seis semanas após o parto.
Planejamento familiar
As participantes tinham idades entre 18 e 35 anos, índice de massa corporal (IMC) menor que 30, não-fumantes, não eram usuárias de drogas, sem patologias e com gestação única. Foram realizados exames laboratoriais nos dois grupos e acompanhamento durante três meses.
Todos os parâmetros analisados confirmaram não haver nenhuma diferença entre os dois métodos, nenhum risco de saúde para qualquer uma das mães e bebês. Portanto, se a paciente opta pela inserção precoce do implante, ainda na maternidade, ela já sai com seu planejamento familiar decidido e em segurança.
Mesmo com resultados tão promissores, as pesquisadoras são cautelosas. Elas afirmam que o método, pelas informações obtidas, parece seguro. Elas lembram que o número de pacientes estudadas é pequeno. Hoje, o estudo continua em andamento e elas esperam confirmar os resultados com um grupo maior até o final de 2010.
Implante anticoncepcional
A professora Carolina conta que esse método já está disponível para a população de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), no Centro de Referência da Saúde da Mulher (Mater), respeitando critérios pré-estabelecidos pela Instituição, a indicação médica e o desejo da paciente.
O anticoncepcional é apresentado em forma de bastão, tem quatro centímetros de comprimento, é colocado na camada subcutânea (sob a pele) e libera o hormônio etonogestrel por três anos.
O método contraceptivo em estudo não é novo, ele existe desde 2000. A novidade é o momento de sua implantação e a chegada até uma parcela específica de mulheres. O valor pode ser um fator limitante e não ser acessível às faixas menos favorecidas da população, por isso o trabalho das pesquisadoras, além das informações científicas, é tão importante. O bastão custa R$ 700,00, em média, e é fabricado somente por uma empresa no Brasil, sem contar os custos da inserção.
Mulheres que podem usar o implante
"Agora, nossa luta será provar que o custo-benefício desse método é vantajoso para o Sistema de Saúde no Brasil e colocá-lo na rede pública. Basta calcular o que se gasta com pré-natal, parto e manutenção dessas crianças", diz Carolina. A professora lembra também a importância que pode assumir um método destes em países em desenvolvimento, porque reduz a mortalidade materna.
Ela esclarece, no entanto, que o método não é indicado para todas as mulheres. A inserção precoce do implante é indicada, principalmente, para pacientes com dificuldades de aceso aos programas de planejamento familiar ou de adesão a contraceptivos regulares e em risco para uma nova e indesejada gravidez. A professora cita como exemplos as adolescentes, usuárias de drogas e álcool.
"O trabalho foi considerado como o mais importante na área de saúde da mulher, o oitavo entre aqueles que realmente trazem perspectivas de mudanças na prática médica, o quarto mais importante em endocrinologia e também um dos mais lidos", destaca Carolina.
Fonte: Diário da Saúde
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