Liderados por Daniel Kohane, do Hospital Infantil da Escola Médica de Harvard, em Boston, Massachusetts, os médicos conseguiram desenvolver uma anestesia local que dura até sete dias e meio, sem trazer quaisquer problemas tóxicos a seus pacientes -- que, infelizmente, por ora eram apenas ratos. Mas os cientistas querem pisar fundo, iniciando rapidamente mais testes com animais para obter liberação para experimentos com seres humanos.
"Provavelmente vamos fazer com coelhos e talvez ovelhas. Devemos começar em poucos meses", disse Kohane em entrevista ao G1.
O desafio
A grande complicação era desenvolver uma droga que pudesse ser absorvida lentamente pelo organismo -- aumentando a duração do efeito -- sem trazer efeitos tóxicos. A resposta encontrada pelo grupo de Kohane foi encapsular uma substância chamada saxitoxina (conhecida pela sigla STX) em pequenas bolhas similares a minicélulas, chamadas de lipossomos.
A STX é conhecida por seu poderoso efeito anestésico local, com pouca toxicidade. E o esquema de liberação da droga, com os lipossomos, parece ter funcionado muito bem -- os cientistas confirmaram isso após a necrópsia dos ratos envolvidos na pesquisa. Os resultados estão num artigo técnico publicado na edição desta semana do periódico da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "PNAS".
A expectativa do grupo é que o mesmo sucesso obtido com ratos vá se manifestar em humanos. "Os dados sugerem que o efeito será ainda mais duradouro em humanos do que em ratos, principalmente porque é possível injetar mais da substância em um ser humano do que em um roedor", explica Kohane.
O médico americano aposta que medicamentos anestésicos, como esse, podem ter um papel importantíssimo não só nas operações (no momento da cirurgia e na recuperação pós-operatória), mas também em esforços para o tratamento de dores crônicas. Mas, claro, para isso, ainda será preciso testar mais e verificar se a segurança no uso, assim como o efeito terapêutico, irá se manifestar no organismo humano da mesma maneira que aconteceu com os ratinhos.
Fonte: G1
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