sábado, 12 de dezembro de 2009

Software brasileiro ganha marca para se fortalecer no mercado global

O setor brasileiro de tecnologia da informação (TI) conta, a partir desta semana, com uma nova marca, cujo objetivo é ampliar a representatividade das empresas, em especial no mercado internacional.

A marca Brasil IT+ (lê-se Brasil IT plus) foi criada em parceria pelo governo federal, por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e as entidades do setor de TI.

Linguagem visual

A nova marca chega com o objetivo de criar uma linguagem visual única, baseada em uma estratégia de posicionamento comum, e fazer com que as empresas brasileiras e as entidades representantes desse setor no Brasil tenham uma identidade que possa ser reconhecida em qualquer parte do mundo, impulsionando as suas iniciativas de promoção das exportações e de internacionalização.

A estratégia da marca apoia-se em quatro grandes pilares: a origem brasileira; o porte do setor no país; a habilidade em construir grandes parcerias; e a capacidade de ser um player estratégico em TI.

Ela transmite a união do setor em prol do desenvolvimento de uma agenda comum de internacionalização das empresas e de promoção das exportações, e será utilizada por organizações do Governo e do setor privado em campanhas de promoção comercial.

A partir de uma discussão mais ampla do que apenas a criação de um novo logotipo de promoção comercial, desenvolveu-se um projeto focado na elaboração de uma nova estratégia para o posicionamento do Brasil no mercado global que serviu de base para a criação de uma marca setorial que vai centralizar as iniciativas de promoção das exportações e de internacionalização das organizações do setor.

A expectativa é que o trabalho reforce a construção de uma imagem de credibilidade, conhecimento, qualidade, segurança e comprometimento na entrega, ajudando a transformar o Brasil em uma das grandes potências mundiais no setor de TI.

Serviços de propriedade intelectual

O presidente da Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo), Maurício Laval Pina de Sousa Mugnaini, afirmou à Agência Brasil que a nova marca criada para o setor de tecnologia da informação "sintetiza o conjunto de ações do governo, do empresariado e da sociedade civil, tendo a informática como mote para a nossa inserção internacional".

Mugnaini lembrou que o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços (Siscoserv), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), permitiu que fossem conhecidos os serviços de propriedade intelectual exportados pelo país. "Então, vivemos um novo momento. E é fundamental que o Brasil tivesse uma marca que representasse exatamente esse conjunto de esforços. E a Brasil IT+ , sem dúvida, representa isso."

O presidente da Fenainfo estimou que para completar o cenário positivo para o setor de TI é preciso desonerar o trabalho e "enxugar um pouco a nossa carga tributária para nos preparar para essa internacionalização".

Mugnaini considera que o mercado interno deve ser uma preocupação do setor. "Nunca consegui encontrar alguém que tivesse sucesso no mercado internacional sem ter uma base instalada no seu país". Segundo ele, é muito difícil para as empresas de informática brasileiras disputarem o mercado europeu ou norte-americano sem ter uma base desenvolvida internamente. "É quase impossível."

Compras públicas

Na avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (Seprorj), Benito Paret, trata-se de uma conquista importante, que reflete o apoio do governo ao setor. Ele assinalou, entretanto, que, isoladamente, a marca não tem grandes consequências para o fortalecimento do setor de TI no Brasil.

"A marca não resolve o nosso problema. Se ela não estiver associada a atividades definitivas de fomento, de apoio, de incentivo, ela será simplesmente uma marca, cuja preocupação é o mercado externo que, hoje em dia, não é tão claro que seja comprador como era no passado", comentou Paret.

Por isso, ele defendeu que o governo deve investir mais no setor. "Quase 60% das compras federais na área de TI são canalizadas para o desenvolvimento próprio ou por meio das empresas públicas, como Serpro [Serviço Federal de Processamento de Dados], Dataprev [Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social] etc."

Paret afirmou que não é possível imaginar a criação de uma empresa nacional forte sem apoio do governo federal por meio das compras e das contratações. "Não existe nenhum país no mundo que tenha criado uma indústria forte sem que essa estratégia tenha sido usada. Ou seja, sem que tenha havido compra pública focada no fortalecimento das empresas".

O mercado brasileiro de software e serviços de TI

A indústria brasileira de software e serviços de TI é considerado um setor estratégico pela Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada pelo Governo Federal em maio de 2008.

Trata-se de um mercado que movimentou US$ 29,4 bilhões em 2008, número que o transforma no oitavo maior do mundo. O setor de software gerou, nesse mesmo ano, recursos da ordem de US$ 3,2 bilhões, segundo dados da consultoria IDC.

Já o de serviços foi estimado em cerca de US$ 10 bilhões, e o de hardware em US$ 16,2 bilhões. Quando comparado ao mercado latino-americano, projetado em US$ 61 bilhões, o Brasil detém uma participação de 48%.

Exportações de TI

Ano - Valores
2006 - US$ 604 milhões
2007 - US$ 800 milhões
2008 - US$ 2,2 bilhões
2009e - US$ 3,0 bilhões
2010e - US$ 3,5 bilhões

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