Com a finalidade de compreender e modelar essas trocas gasosas que ocorrem na camada atmosférica, está sendo construído o Observatório Amazônico de Torre Alta (Atto: Amazon Tall Tower Observatory), com previsão de funcionamento para 2011.
O Atto será uma torre com 320 metros, a primeira desse modelo na América do Sul, instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, em São Sebastião do Uatumã, interior do Amazonas. É um projeto bilateral entre Brasil, representado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA); e Alemanha, por meio do Instituto Max Planck de Química.
O planejamento do Atto iniciou em 2007 e foi apresentado ao público na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorreu em 2009 em Manaus (AM). Hoje, o Atto está em fase de implementação e demanda uma enorme logística como instalação de laboratórios, moradias, sistema de energia e meios de acesso ao local.
Entre o céu e a terra
O Atto funcionará 24 horas por dia no período de 20 a 30 anos. Segundo o pesquisador Jochen Schöngart, do Max Planck, o Atto além de cobrir uma área maior, diferente das torres menores do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), fornecerá dados mais confiáveis sobre os serviços ambientais prestados pela floresta Amazônica e sua interação com a atmosfera.
"A vantagem dessa torre grande é o alcance na camada limite atmosférica, com isso vai obter um sinal muito estável, não sofrerá tanto as variações de dia e noite. O problema dessas pequenas torres é essa variação de dia e noite. À noite as turbulências na floresta são muito baixas, o gás carbônico não é mais visível no fluxo vertical", explica Schöngart.
De acordo com o coordenador do projeto pelo lado alemão, Jürgen Kesselmeier, o Atto criará um vínculo entre os dados obtidos na terra e observações obtidas por meio de sensores nos satélites, além de um monitoramento por décadas.
Medição de gases
Outro projeto complementar ao Atto é o Claire, que fornecerá informações sobre o processo de oxigenação dos radicais na atmosfera. O Claire trabalhará com duas ou três torres, com alturas de 60 a 80 metros, localizado na mesma área do Atto.
As medições dos gases serão em tempo real. Um das torres terá um elevador anexado, com um laboratório completo, que se moverá 24 horas verticalmente, com a velocidade aproximada de 2 a 4 metros por minuto.
Kesselmeier compara os radicais como "detergente da atmosfera", responsável pela limpeza da atmosfera. Ele cita o exemplo do radical hidróxido, que pode afetar o gás metano. São gases que limpam a atmosférica.
O pesquisador Schöngart explica a importância dessas torres para entendimento dos fenômenos climáticos na região dizendo que "toda a massa de ar que está em processo de troca entre a floresta e atmosfera, os ventos trazem para essa torre e os sensores medem a concentração e o fluxo, com isso vamos obter dados mais robustos sobre a função da floresta Amazônica, em termo de armazenar carbono, 'sequestrar carbono da atmosfera', formação de nuvens e o impacto no clima da região. Previsão de funcionamento do projeto de 20 até 30 anos. As mudanças que ocorrerem nesse período serão visíveis, durante o monitoramento", explica ele.
Os pesquisadores destacam a principal contribuição dos projetos para o Brasil. "Tanto o projeto Claire quanto o Atto terão uma contribuição muito importante para treinar e formar recursos humanos entre doutores, mestres, técnicos e engenheiros por meio dos cursos de pós-graduação do Inpa e de outras Instituições brasileira e estrangeira e também pela troca de estudantes entre Brasil e outros países. Será uma ferramenta importante para capacitar jovens que futuramente continuarão estudando e darão seguimento ao projeto", concluem.
Fonte: Josiane Santos - Inpa
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