Analisando os resultados de quase oito meses de experiências no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), que é a maior máquina do mundo, os cientistas do Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) disseram também que poderão determinar até o final de 2011 se a misteriosa partícula chamada bóson de Higgs realmente existe ou não. Essa partícula nunca foi localizada, mas acredita-se que ela forneça a "cola" que dá massa à matéria.
Guido Tonelli, porta-voz de uma das equipes ligadas ao LHC, disse que a investigação sobre as dimensões adicionais - além da altura, largura, comprimento e tempo - se tornará mais fácil conforme aumentar a energia resultante das colisões de prótons dentro do túnel circular de 27 quilômetros sob a fronteira franco-suíça.
Outros físicos do Cern dizem que o êxito até agora sugere que alguns grandes enigmas do universo podem ser ao menos parcialmente resolvidos antes do que se previa.
"Um ano atrás, seria impossível para nós adivinhar que a máquina e as experiências resultariam em tanta coisa tão rapidamente", disse Fabiola Gionotti, porta-voz de outra equipe, em relatório divulgado no site do instituto. "Estamos produzindo novos resultados o tempo todo."
O LHC, cuja construção custou 10 bilhões de dólares, envolve cientistas e centros de pesquisas de 34 países, e entrou em operação plena em 31 de março. Dentro do túnel, prótons são submetidos a colisões a velocidades próximas à da luz, com crescente energia, simulando assim o Big Bang, explosão primordial que deu origem ao universo 13,7 bilhões de anos atrás.
No começo deste mês, os cientistas começaram a usar íons de chumbo nas colisões, criando temperaturas 1 milhão de vezes superiores à do núcleo solar.
As colisões de íons, criando um amálgama apelidado de plasma de quark-gluon, oferecem aos pesquisadores uma outra maneira de observarem o que aconteceu no primeiro nanossegundo após o Big Bang, e a primeira matéria gerada após aquela violenta explosão.
Em 6 de dezembro, o LHC será fechado para manutenção e para evitar que, no auge do inverno, a máquina "sugue" a energia a ser distribuída pelas redes elétricas da Franca e Suíça.
A máquina será religada em fevereiro, e funcionará novamente a plena potência, com prótons, até o final do ano, quando voltará a parar até 2013, enquanto os engenheiros preparam o LHC para funcionar com o dobro de energia a partir do final da década.
Fonte: Estadão
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