sábado, 27 de novembro de 2010

Cientistas criam luz super torcida

Torcer um feixe de luz em forma de parafuso é um feito recente, mas já realizado ao longo dos últimos anos.

Agora, pela primeira vez, cientistas da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, conseguiram obter o chamado estado "super trançado", ou "super torcido" da luz.

Luz super torcida

A luz super torcida não existe na natureza e, até agora, só havia sido teorizada pelos cientistas, mas nunca ninguém havia conseguido produzi-la.

Muito mais "apertada" do que a luz torcida, a luz super torcida abre o caminho para experiências muito mais precisas, capazes de alcançar dimensões inalcançáveis com os aparelhos atuais.

Primeiro, os cientistas usaram um filtro polarizador para torcer a luz até deixá-la em forma de parafuso. A seguir, eles direcionaram a luz já torcida sobre uma superfície de ouro com um formato especialmente projetado para refletir a luz de determinada forma.

A luz assim refletida alcançou o estágio de "super torcida".

Vestígios de proteínas

A luz super torcida pode ser usada para encontrar vestígios de proteínas em amostras de material biológico incrivelmente pequenas, muito menores do que as amostras necessárias pelos sistemas de análise atuais - na fixa dos picogramas.

Os cientistas testaram esta possibilidade e verificaram que sua luz super trançada é particularmente sensível às estruturas de proteínas que causam doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

A luz torcida, ou luz polarizada, já é usada em algumas técnicas médicas para analisar biomoléculas. Por isto os cientistas perseguiam com tanto afinco a possibilidade de torcê-la ainda mais, já que eles imaginavam que a luz super torcida deveria permitir uma análise ainda mais precisa das amostras.

O uso mais promissor da luz super trançada está na espectroscopia, uma técnica de análise que estuda os materiais de acordo com a forma como eles absorvem e reemitem a luz.

Luz nunca vista

"Nós agora estamos vendo se esta mesma técnica pode ser adaptada para detectar uma gama maior de proteínas, que são indicativas de outras doenças. O fato de esse método exigir muito menos material para análise do que as técnicas atuais, e utilizar uma forma de luz nunca vista é um grande passo adiante," diz o Dr. Malcolm Kadodwala, coordenador da pesquisa.

Utilizada desde a detecção de objetos celestes extremamente distantes até o biossensoriamento, a espectroscopia, agora incrementada pela luz super torcida, também deverá se tornar útil na detecção de determinados tipos de vírus que têm estruturas semelhantes.

Veja mais sobre a luz torcida na reportagem: Luz torcida: cientistas torcem e retorcem a luz.

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