O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo começou a operar hoje um equipamento estratégico para que a indústria nacional possa desenvolver luminárias de uso comercial, público, residencial e industrial com mais eficiência energética e menor impacto ambiental.
Trata-se do goniofotômetro, sistema informatizado que mede as características da luz emitida, o que os pesquisadores e técnicos chamam de "curvas fotométricas".
A aquisição do equipamento, de origem alemã, foi viabilizada por um projeto de R$ 1 milhão, por meio de parceria do IPT com a FINEP e a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) - as duas parceiras investiram, respectivamente, R$ 750 mil e R$ 50 mil. O projeto contou também com aporte de R$ 200 mil do IPT.
Fotometria
"O goniofotômetro é estratégico porque constituirá a primeira opção para serviços fotométricos com este tipo de equipamento no Brasil", afirma Oswaldo Sanchez Jr., pesquisador do Laboratório de Equipamentos Elétricos e Óticos (LEO) do Instituto.
Até então, para realizar esses testes, a indústria precisava procurar o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) ou a Eletrobras, ambos no Rio de Janeiro, ou ainda laboratórios no Chile e Argentina.
Diferentemente da tecnologia convencional, que utiliza um sistema com espelhos, o equipamento do IPT opera com uma técnica de fotometria de campo próximo, o que permite grande velocidade nos ensaios.
"Esse equipamento tem uma tecnologia única no país e poderá ampliar as capacitações laboratoriais nessa área", afirmou João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente do IPT, hoje na solenidade de inauguração. Segundo Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, presidente da Abilux, o equipamento também será uma referência para a calibração dos laboratórios fotométricos dos fabricantes de produtos de iluminação. "Trata-se de uma garantia para produzir com maior eficiência energética e menor impacto ambiental", disse.
Sensor de luz
Na operação do goniofotômetro, um Sensor de luz instalado em uma estrutura com movimento circular em volta da luminária faz as medições, que são enviadas para o computador.
"Medimos o quanto de luz é emitida em cada direção", explica Sanchez. No computador, é gerada uma figura em três dimensões que revela a forma como o equipamento converte energia elétrica em energia luminosa e como esta energia luminosa é direcionada para o ambiente a ser iluminado, mostrando um conjunto de informações importantes para o projetista da luminária. "O pesquisador pode escolher o plano ou eixo de simetria que deseja investigar", afirma.
O equipamento será também uma ferramenta para agregar maior precisão aos projetos de luminotécnica, sobretudo no que se refere aos projetos de iluminação pública ou iluminação de grandes áreas, uma vez que permitirá aos fabricantes a obtenção das curvas que são fornecidas aos projetistas.
Segundo Sanchez, com o conhecimento preciso das curvas fotométricas será possível desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e definir com mais propriedade as diretrizes de iluminação, evitando desperdício e impactos ambientais.
Câmara de pó
Faz parte do projeto, dentre outros recursos, a instalação de uma câmara de pó, que simula o efeito das intempéries na luminária.
Essa câmara produz uma atmosfera com fluxo de ar e pó com granulometria controlada. São controladas também a temperatura e a velocidade do vento no interior da câmara.
Estes recursos são necessários para a avaliação do grau de proteção do equipamento contra penetração de partículas de pó, um dos grandes responsáveis pela degradação de luminárias para instalação externa.
"Isso complementa o ensaio do goniofotômetro e permite fazer projeções sobre a vida útil do equipamento e se seu desempenho está de acordo para a função para a qual foi projetado", afirma Sanchez.
Indústria de iluminação
Atualmente, cerca de 70% da indústria de iluminação no país está concentrada no Estado de São Paulo. A região sudeste concentra também a maior parte do mercado consumidor.
Oswaldo Sanchez afirma que a demanda será grande e que a Abilux ajudará a racionalizar o uso do equipamento para atender toda a indústria.
O goniofotômetro proporcionará um serviço que vai agregar uma nova dinâmica no desenvolvimento e design de produtos e sua inserção no mercado. "Haverá mais agilidade da indústria para acompanhar as tendências tecnológicas", diz Sanchez.
A escolha de materiais mais eficientes terá influência também nos modos de produção. "Vamos contribuir ainda para a normalização das cadeias produtivas", afirma.
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