terça-feira, 11 de outubro de 2011

Depressão despluga circuito cerebral da raiva

Cientistas descobriram que as pessoas com depressão frequentemente apresentam uma desconexão do chamado "circuito da raiva" em seus cérebros.

O circuito da raiva - que conecta o giro frontal superior, a ínsula e o putâmen - representa a conexão que interliga estas partes do cérebro quando uma pessoa sente raiva.

Os cientistas usaram exames de ressonância magnética funcional (fMRI) para observar o cérebro de 39 pessoas com depressão e 37 voluntários saudáveis.

E os exames mostraram diferenças significativas no funcionamento do cérebro dos dois grupos.

Desacoplamento cerebral

A maior diferença observada no cérebro das pessoas deprimidas foi uma menor atividade - que os cientistas chamaram de desacoplamento - no circuito da raiva.

Foram ainda percebidas diferenças menos intensas nos circuitos relacionados ao risco e às reações, recompensas e emoção, atenção e processamento da memória.

Jianfeng Feng e seus colegas da Universidade de Warwick (Reino Unido) fizeram as seguintes observações entre as pessoas com depressão:

- o circuito da raiva tinha 92% de probabilidade de estar desacoplado;
- o circuito risco/ação tinha 92% de probabilidade de estar desacoplado;
- o circuito de emoção/recompensa tinha 82% de probabilidade de estar desacoplado;

Raiva de si mesmo e dos outros

"Os resultados são claros, mas desafiadores à primeira vista, já que sabemos que a depressão é frequentemente caracterizada por auto-aversão, e não há indicações óbvias de que os depressivos tenham menos tendência a ter raiva dos outros," comenta o Dr. Feng.

Uma das possibilidades que o pesquisador levanta para explicar os resultados é uma incapacidade das pessoas com depressão em controlar seus relacionamentos e aprender com as situações sociais, que provocam sentimentos de raiva em relação a si mesmos ou aos outros.

"Isto poderá levar a uma incapacidade para lidar adequadamente com sentimentos de raiva e uma maior propensão de auto-aversão descontrolada e fuga das interações sociais. Isto pode ser uma indicação neurológica de que normalmente haja mais ocasiões para ter raiva dos outros do que ter raiva de si mesmo," propõe o cientista.

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