quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Enfermeiros são reprovados na medição de pressão arterial

Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou resultados preocupantes quanto à capacidade dos profissionais de saúde para lidar com a pressão arterial dos pacientes.

A aferição da pressão arterial é um procedimento simples, mas fundamental para os pacientes críticos internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

"De tão simples, a questão pode não estar sendo tratada com o cuidado necessário," comenta a enfermeira Taciana da Costa Farias Almeida, autora da pesquisa.

Reprovados

Em testes feitos com 54 enfermeiros que atuam em UTIs para adultos, em três hospitais do município de Campinas, a nota média de acertos foi de 4,6, de um máximo de 10.

Ou seja, das 40 questões de múltipla escolha sobre os três métodos de aferição da pressão arterial - auscultatório, oscilométrico e canulação arterial - disponíveis e realizados em UTIs para adultos, os profissionais de saúde acertaram, em média, entre 18 e 19 questões.

"Em minha opinião, os resultados foram alarmantes e revelaram lacunas no conhecimento dos enfermeiros, as quais precisam ser revistas. Se considerarmos que a média de aprovação em cursos superiores em instituições de ensino é 5, muitos seriam reprovados no quesito medida da pressão arterial (PA)," afirma a enfermeira.

Erros na medição da pressão arterial

A maior taxa de erros ocorreu entre os métodos de aferição indiretos, o esfigmomanometria (manguito) e o oscilométrico ou automático.

Estes métodos são os realizados com mais frequência no dia-a-dia das instituições de saúde e os mais estudados durante o curso de graduação em Enfermagem.

Apenas 7,8% dos voluntários obtiveram percentual de acertos igual a 60%. Já com relação ao conhecimento sobre medida direta da PA, 75% atingiram o percentual de acertos acima de 50%.

"Trata-se de um problema grave em UTI, visto que os valores detectados com a medida da pressão arterial são essenciais para o monitoramento e tomada de condutas diante do paciente grave", alerta.

Para a enfermeira, é preciso discutir a questão de formação continuada destes profissionais que estão à frente de equipes de saúde, orientando-os nesta prática de forma rápida e segura.

Capacitação dos enfermeiros

A partir deste quadro, Taciana Almeida reafirma a necessidade de capacitar os profissionais neste tópico em especial.

Uma vez que o estudo contemplou, de maneira inédita, o conhecimento dos enfermeiros intensivistas nos três métodos, foi possível identificar em quais aspectos ocorreu o maior número de erros e, assim, realizar uma intervenção pontual.

O estudo já traz uma série de estratégias de atualização para se revisar a técnica com os diferentes métodos disponíveis, assim como aspectos gerais sobre a pressão arterial.

"Já estamos com projetos de propor o início de educação continuada dos profissionais nos hospitais estudados e minimizar o problema, que se mostrou pontual. Os enfermeiros necessitam de segurança na realização desta técnica para orientar sua equipe, assim como guiar condutas diante de valores de pressão arterial no cuidado ao paciente grave", conclui.

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