quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nova arquitetura para cidades digitais

A criação das cidades digitais abre a possibilidade de transferir para o mundo virtual as relações que ocorrem no mundo real.

O conceito envolve a criação de um espaço comunitário, construído sobre uma infraestrutura de comunicação digital e representado por meio de uma interface gráfica (um portal web), visando facilitar e aumentar as atividades que ocorrem no espaço físico.

O desenvolvimento desses ambientes virtuais surge como uma alternativa para potencializar a promoção das comunidades, de modo a completar a organização das cidades reais.

André Marcelo Panhan, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) propõe o desenvolvimento de uma nova arquitetura para cidades digitais baseada em uma camada intermediária de software (middleware) do tipo ponto-a-ponto (P2P).

Em seu trabalho, ele analisou as principais arquiteturas utilizadas para cidades digitais no mundo todo e definiu um conjunto de características mínimas necessárias para a elaboração de um ambiente computacional integrado que possibilite a interoperabilidade dos serviços oferecidos.

Pedreira Digital

O laboratório de pesquisas de Panhan é a cidade de Pedreira, na Região Metropolitana de Campinas.

A criação da nova arquitetura concentrou-se em eliminar as dificuldades de comunicação entre os sistemas, de forma que o usuário possa dispor de acesso a vários serviços da cidade em um único ambiente.

O estudo permitiu integrar o site da cidade digital, chamado Portal Pedreira Digital, com o sistema de governança digital da Prefeitura de Pedreira.

Futuramente, a plataforma poderá incorporar sites de comércio, de concessionárias de serviços e outros serviços eletrônicos.

Tipos de cidades digitais

Como é um conceito nascente, há diversos tipos de cidades digitais, cada um com um foco inicial, ainda que o objetivo final seja a integração total.

O pesquisador analisou, por exemplo, as cidades digitais comerciais, focadas nas relações comerciais. O modelo estudado foi o da America On-Line (AOL).

No caso das cidades digitais governamentais, o modelo foi o de Amsterdam, na Holanda. O sistema é orientado para a política e foi criado para facilitar a comunicação entre o governo local e os cidadãos.

Nas cidades digitais multiuso os cidadãos podem obter informações sobre trânsito, tempo, estacionamento, shoppings, e dispõem da possibilidade de interação com moradores e visitantes, a exemplo do que acontece na cidade de Quioto, no Japão.

Há também as cidades virtuais, uma representação da cidade real através de modelos 3D dos edifícios e espaços públicos, oferecendo passeios virtuais e comércio eletrônico. Neste caso, o modelo estudado foi o de Helsinque, na Finlândia.

Arquiteturas rígidas

Depois de analisar todos esses casos, o pesquisador brasileiro concluiu que as arquiteturas adotadas em cada um dos casos se revelaram extremamente rígidas, não permitindo a ampliação da rede, limitando seu uso e centralizando as informações.

Além de não permitirem o intercâmbio de informações entre os serviços ofertados na cidade digital, os modelos impossibilitam o surgimento de novas relações comerciais, a criação de novos produtos e serviços e o desenvolvimento da comunidade e da região.

Motivado por estas constatações o pesquisador se propôs ao trabalho de seleção de um conjunto de características mínimas que uma arquitetura de cidade digital deve apresentar, de forma a proporcionar possibilidade de independência de plataformas e fomento da produção comercial, cultural e tecnológica.

Arquitetura de cidade digital

Para superar os problemas constados nas implementações estudadas, Panhan propôs uma arquitetura baseada em quatro camadas.

A primeira é uma camada de infraestrutura (rede de dados), formada por uma rede de comunicação utilizada como meio físico para a integração dos elementos digitais.

Uma camada de interoperabilidade (middleware) será responsável pelo intercâmbio da informação, interligando os sistemas distribuídos das cidades digitais por meio da plataforma de redes P2P.

A terceira camada, de interface (um portal web), inclui todos os sites que os cidadãos visitam, a fim de interagir com os serviços on-line oferecidos pelas cidades digitais.

Na quarta camada, os serviços (aplicações) constituem uma estrutura de conteúdos distribuídos e oferecidos on-line, conectados às cidades digitais através da camada de interoperabilidade.

Com base nessa arquitetura, ele desenvolveu o protótipo da cidade digital de Pedreira, utilizando a tecnologia lá disponível, interligando os serviços da prefeitura ao portal da cidade digital.

Mas o modelo desenvolvido é genérico, podendo ser utilizado em qualquer novo projeto de cidade digital.

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