Contudo, inúmeros pacientes estão recebendo receitas dos medicamentos mais comuns para a doença de Alzheimer - os inibidores da colinesterase - juntamente com medicamentos com propriedades anticolinérgicas, que têm efeitos opostos.
"Os inibidores da colinesterase são a terapia primária atualmente para retardar a doença de Alzheimer", explica Denise Boudreau, do Group Health Research Institute, uma entidade de pesquisas médicas sem fins lucrativos, sediada nos Estados Unidos.
"As propriedades anticolinérgicas são frequentemente encontradas em drogas geralmente usadas para tratar doenças gastrointestinais, alergias, incontinência urinária, depressão e doença de Parkinson, e podem ter efeitos negativos sobre a cognição em idosos.
"A preocupação é que, se alguém está tomando os dois tipos de medicamentos - inibidores da colinesterase e medicações anticolinérgicas - eles vão antagonizar um ao outro, e nenhum deles vai funcionar," afirma a médica.
Inibidores da colinesterase e anticolinérgicos
Nos ensaios clínicos, os inibidores da colinesterase mostraram efeitos modestos contra o declínio funcional e cognitivo das pessoas com doença de Alzheimer.
Estes medicamentos, como o donepezil (Aricept) funcionam inibindo a falta de acetilcolina, que envia sinais ao sistema nervoso.
Por outro lado, os anticolinérgicos - como a difenidramina (Benadryl) e a oxibutinina (Ditopan) - bloqueiam a ação da acetilcolina.
Uma vez que os dois tipos de medicamentos têm efeitos opostos, não faz sentido dar ambos os tipos de drogas para uma mesma pessoa.
Mas não é isto o que vem acontecendo na prática.
Sem efeitos
Os pesquisadores descobriram que, entre os usuários do inibidor de colinesterase, 37% estavam também tomando pelo menos uma droga anticolinérgica, e mais de 11% estavam tomando duas ou mais.
Para aqueles que utilizam os dois tipos de medicamentos, o uso simultâneo geralmente durou de três a quatro meses, mas 25% usaram ambas as classes de medicamentos por mais de um ano.
Os anticolinérgicos já estavam sendo usados por 23% das pessoas que receberam uma nova receita de inibidor de colinesterase, e 77% continuaram seu uso, mesmo depois de iniciar o uso do inibidor de colinesterase.
Apesar disso, os pesquisadores não encontraram aumento no risco à saúde - internação e morte - entre os pacientes que usavam simultaneamente os dois tipos de medicamento.
Fonte: Rebecca Hughes
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