Em um artigo publicado no Jornal da Associação Médica Norte-americana, Howard Federoff e Lawrence O. Gostin perguntam: "Existe um futuro para a medicina sistêmica em um país que está pretendendo fazer uma reforma revisão no sistema de saúde?"
O que é medicina sistêmica?
Federoff e Gostin definem a medicina sistêmica como um enfoque holístico dos cuidados ao paciente que incorpora os princípios básicos da medicina juntamente com interações entre todos os componentes da saúde e da doença, incluindo a genética humana, o meio ambiente e o comportamento.
"A mudança progressiva em direção à prevenção exige um modelo econômico diferente e um reposicionamento da responsabilidade individual e da responsabilidade do médico com o bem-estar," escrevem os autores.
Na Universidade do Centro Médico Georgetown, Federoff já conduz uma ampla mudança no foco de pesquisa e da educação médica para incorporar o enfoque da medicina sistêmica. É uma mudança que já está influenciando o currículo da escola médica.
Críticas
Ainda assim, Federoff e seu colega Gostin, reconhecem as críticas levantadas contra a medicina sistêmica devido às várias informações abrangentes coletadas dos pacientes.
"Embora uma abordagem holística deva beneficiar os pacientes e a sociedade, a considerações sociais, legais, éticas e as implicações econômicas são essenciais," dizem os autores.
Tais considerações para a implementação da medicina sistêmica incluem seu custo, a privacidade dos pacientes, a proteção dos pacientes contra a discriminação (seguro de saúde, o emprego e educação) e a garantia da igualdade de acesso aos cuidados de saúde.
Custos e riscos
Implementar a medicina sistêmica terá "custos iniciais significativos." Federoff e Gostin dizem que "A economia de recursos, portanto, não se verificará até bem depois da implementação deste modelo." E acrescentam que o desenvolvimento e a utilização de novas terapias com base nessa abordagem poderia aumentar os custos.
"A coleta de informações personalizadas deve incluir os tratamentos e seus efeitos, o estilo de vida (exemplos: hábitos sexuais, dietas, tabagismo e uso de drogas), os perfis genéticos, fatores ambientais e o histórico familiar", exigindo um foco significativo na capacidade de guardar os dados dos pacientes em segurança.
Além disso, utilizar essas informações para desenvolver a medicina sistêmica poderia potencialmente tornar os pacientes mais vulneráveis à discriminação.
Os autores expressam preocupação sobre o impacto no sistema de saúde com relação ao acesso igualitário aos serviços médicos, destacando que algumas barreiras poderiam "agravar as disparidades existentes no acesso a cuidados de qualidade."
Finalmente, ao explorar as implicações sociolegais, Federoff e Gostin examinaram as implicações da medicina sistêmica sobre a educação e a prática médicas.
Embora reconhecendo que o mundo da medicina não está completamente preparado para uma mudança para a medicina sistêmica, os autores apontam que essa mudança "deverá resultar em um atendimento mais abrangente e sistemático do paciente de uma forma economicamente sustentável."
Acima de tudo, os autores concluem, medicina sistêmica "promete uma maior precisão no diagnóstico, oportunidade para intervenções preventivas, prevenção baseada nos riscos, individualização dos cuidados e otimização da relação médico-paciente." Mas, dizem eles, há muitos fatores críticos a serem levados em conta.
Fonte: Diário da Saúde
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