As articulações para a constituição da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) ganharam novo fôlego com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Sociedade Fraunhofer, da Alemanha.
A Sociedade Fraunhofer é a maior organização de pesquisa aplicada da Europa e exemplo de instituição de excelência na promoção da pesquisa e da inovação.
Constituída por mais de 80 unidades de pesquisa na Alemanha, a sociedade está servindo de modelo para a criação da Embrapii no Brasil.
Na Alemanha, as instituições de pesquisa fundamental são reunidas dentro do Instituto Max Planck, e as instituições de tecnologia, ou pesquisa aplicada, são reunidas sob a Sociedade Fraunhofer.
Transferência de conhecimento para a indústria
No evento de assinatura, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, reforçou a ideia original do projeto de estender para a indústria a experiência da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa).
O Brasil já possui 32 projetos em parceria com o Fraunhofer.
"O modelo de gestão deles é muito exitoso pela capacidade de inovação da indústria alemã. É uma das poucas indústrias da Europa que conseguiram enfrentar a competitividade da China e conseguem competir pela qualidade do que fazem", disse o ministro.
Ronaldo Mota, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, acrescentou que o Brasil é um país que aprendeu a produzir conhecimento (13º no ranking mundial), mas que ainda está aprendendo a transferir conhecimento para o setor produtivo. "E a Fraunhofer sabe fazer isso muito bem", destacou.
O instituto alemão vai trabalhar no acompanhamento, certificação e avaliação do trabalho de instituições de pesquisa e inovação que atendem a demandas da indústria brasileira.
Certificação
Seis instituições brasileiras foram certificadas até o momento para atuar na Embrapii.
Três delas já participam de projeto-piloto: o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT-USP), na área de bionanotecnologia; o Instituto Nacional de Tecnologia (INT /MCTI - RJ), na área de saúde e energia (gás/petróleo); e a Faculdade de Tecnologia do Senai- Bahia (Cimatec), na área de automação manufatura.
As outras três são a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi- SC), na área de engenharia; a Incubadora de Empresas (Coppe/UFRJ - RJ), na área de tecnologia pré-sal; e o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC - RS), no pólo calçadista.
"São instituições que nós elegemos como as melhores e que estão mais focadas no atendimento da indústria. Cada instituto vai ter uma especialização e vai trabalhar numa área específica naquilo que ela tem expertise", ressaltou Mercadante.
Segundo o ministro, o objetivo é tornar os institutos certificados pela Fraunhofer referências para atender as demandas específicas da indústria.
O ministro também destacou que é preciso inverter a questão das patentes no Brasil, uma vez que, enquanto dois terços delas, no mundo, vêm do setor privado, aqui, dois terços vêm de pesquisas financiadas pelo setor público, seja por empresas estatais ou laboratórios públicos.
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