Cientistas britânicos criaram uma versão sintética e totalmente funcional da matriz extracelular, o material que dá suporte para o crescimento das células nos seres vivos.
O novo material representa o ponto de partida para o desenvolvimento de tecidos artificiais, um sonho da chamada medicina regenerativa, que busca a reconstrução de tecidos danificados.
No limite, embora ainda seja um sonho distante, os cientistas esperam poder crescer órgãos inteiros para transplantes.
É a matriz extracelular, por exemplo, que garante que um tecido ferido possa se regenerar e cicatrizar.
Da nanoescala à microescala
Embora seja trivial fazer culturas de células em laboratório, fazê-las crescer em três dimensões, como ocorre no organismo, é um desafio a ser vencido.
Até agora, os biólogos vêm se virando com vários tipos de suportes e "andaimes", onde as células se apoiam para crescer.
No organismo, as células se valem da matriz extracelular, um complexo de macromoléculas muito estáveis que garante a sustentação e a estrutura biomecânica dos tecidos.
Ela consiste em uma estrutura de fibras de proteína que faz a ponte entre a dimensão em nanoescala da fixação, da comunicação e da alimentação das células, e a dimensão em microescala, onde as células se organizam em segmentos funcionais.
Imitar essa estrutura com materiais sintéticos é um sonho antigo dos cientistas.
Matriz extracelular sintética
Fibras de peptídeos têm propriedades similares às das proteínas que formam a matriz extracelular natural, mas elas não conseguem gerar as malhas interconectadas em escala microscópica, o que é essencial para manter as células juntas e permitir o desenvolvimento dos tecidos.
Angelo Bella e seus colegas do Laboratório Nacional de Física do Reino Unido resolveram o problema projetando uma pequena proteína, formada por duas unidades estruturais.
Essas estruturas se espalham em redes de fibras de dimensões microscópicas, preenchendo o hiato que faltava nos materiais artificiais.
Os resultados dos testes de crescimento celular foram entusiasmadores, o que está fazendo com que a matriz extracelular sintética seja apontada como um dos avanços mais significativos nos últimos anos no campo da fisiologia.
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