Depois de comemorarem as festas de fim de ano no acampamento base, localizado na Geleira Union, cientistas brasileiros chegaram ao acampamento final, o mais próximo do Pólo Sul geográfico.
O grupo está na Antártica participando da expedição científica Criosfera 1, o primeiro módulo científico brasileiro a ser instalado no interior da Antártica.
Após uma semana de instalação, o módulo iniciou a transmissão via satélite de dados meteorológicos para o Brasil, mais precisamente para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).
Ao final desta etapa de testes, o laboratório autônomo coletará automaticamente amostras do ar polar.
Testemunhos do tempo
Os integrantes do projeto foram divididos em dois grupos.
Um está responsável pela montagem do módulo Criosfera e o outro pelas perfurações no gelo para obtenção de amostras, os chamados testemunhos climáticos, cilindros de gelo que guardam a história da composição da atmosfera.
"Na última perfuração amostramos 40 metros de testemunhos de gelo para medir a radioatividade-beta nas amostras precipitadas desde a década de 1950. As explosões de bombas de hidrogênio dos Estados Unidos e da ex-União Soviética (até 1964), França e China (até 1978) poluíram a neve precipitada nas duas regiões polares.
"Assim, ao encontrar essa radioatividade podemos determinar exatamente a data de uma camada de neve que precipitou entre 1954 e 1978," conta o líder da expedição, professor Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Energia solar e eólica
Apesar dos -30°C de temperatura ambiente, no interior do módulo Criosfera o termômetro marca agradáveis 14°C (positivos).
"O isolamento térmico do módulo é excelente e esta temperatura agradável é atingida só com a radiação solar que passa pelas janelas", conta Jefferson.
As baterias que garantirão o funcionamento do módulo na longa noite do inverno polar estão sendo carregadas pelos painéis solares e, em breve, também serão acionados os geradores eólicos, que funcionarão durante o ano todo.
Uma parte da equipe segue realizando trabalhos científicos na Geleira Union. O grupo permanece dividido entre os dois acampamentos até o final da expedição, previsto para 20 de janeiro.
A expectativa é que no próximo dia 25 os pesquisadores estejam de volta, começando o trabalho de análise da missão científica pioneira no país.
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