"Existem duas linhas de medicamentos contra o vírus da gripe hoje. Uma delas, a amantadina, impede a entrada do vírus nas células humanas. A outra, de medicamentos como o Tamiflu [cujo princípio ativo é o oseltamivir], tenta barrar a saída do vírus de uma célula quando ele tenta infectar outras", explica Atila Iamarino, biólogo da USP que faz doutorado sobre evolução de vírus como o HIV.
A novidade é preocupante justamente porque, desde o começo, já se sabia que a nova cepa do H1N1 era resistente à amantadina, de forma que o oseltamivir, princípio ativo do Tamiflu, era considerado a única arma relativamente efetiva contra ele. Se a resistência detectada na Dinamarca se espalhar pela população viral, não adiantará mais usar o medicamento para mitigar a infecção.
O surgimento de resistência é um fenômeno esperado e comum em qualquer patógeno. Trata-se de um caso clássico de seleção natural: enquanto os vírus suscetíveis a certo remédio são eliminados antes de conseguir se reproduzir, qualquer pequena vantagem diante de uma droga, que permita a reprodução viral, vai acabar levando à multiplicação dos vírus com essa resistência incipiente, até que a característica se torna predominante. Soma-se a isso a forte capacidade de recombinação do vírus da gripe, na qual as características genéticas de uma variante são misturadas às de outras já presentes numa pessoa infectada, e a tendência é que a resistência a medicamentos se espalhe.
No domingo, o Brasil registrou a primeira morte pela doença, popularmente conhecida como gripe suína. O paciente, um caminhoneiro de 29 anos, retornou ao Brasil no dia 19 vindo da Argentina. Ele morreu no Rio Grande do Sul.
Fonte: G1
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