Agora, pesquisadores da Universidade de Washington (EUA) estão usando o mesmo princípio para aplicações biomédicas. Misturando a quitosana, uma fibra encontrada na carapaça de caranguejos e camarões, com um poliéster industrial, eles criaram um novo material que serve como suporte para reparar nervos severamente danificados por acidentes.
Biocompatível e resistente
A fibra híbrida, que também poderá ter outros usos médicos, combina a qualidades biológicas favoráveis do material natural com a resistência mecânica do polímero sintético.
"Uma guia para os nervos exige condições muito específicas. Ela precisa ser biocompatível, estável em solução, resistente ao rompimento e também maleável, para que os cirurgiões possam costurá-la no nervo," explica o Dr. Miqin Zhang. "Conseguir tudo isto é realmente muito difícil."
Junção de nervos rompidos
Depois de um acidente que afete um nervo periférico, como o nervo de um dedo, as terminações do nervo continuam a crescer. Mas, para que a pessoa recupere o movimento, o cirurgião deve unir as duas extremidades que se romperam.
Quando o dano é muito sério, essas extremidades ficam afastadas uma da outra, o que exige o uso de um enxerto. A prática médica atual consiste em unir minúsculos tubos, chamados guias de nervos, que canalizam os dois fragmentos um na direção do outro.
As guias de nervos atuais são feitas de colágeno, uma proteína estrutural derivada de células animais. Mas o colágeno é muito caro, a proteína tende a disparar uma resposta imunológica no organismo e o material é muito fraco em ambientes úmidos, como o interior do corpo humano.
Fibra de policaprolactona e quitosana
O novo material resolve todos estes problemas. Mesmo o polímero utilizado, chamado policaprolactona (PCL), é um material biodegradável já utilizado em suturas. Sozinho ele não serve como guia de nervos porque as células nervosas, aquosas por natureza, não gostam de crescer sobre a superfície do polímero, que é repelente à água.
A solução vem com a quitosana, uma fibra que é barata, biodegradável e biocompatível, o que significa que ela não dispara uma resposta imunológica do organismo. Sua superfície é rugosa, similar às superfícies encontradas no interior do corpo humano, permitindo que as células cresçam naturalmente.
A quitosana sozinha também não serve como guia de nervos porque ela incha na água, tornando-se frágil.
Melhores cirurgias de reparação de nervos
A união das duas fibras, quitosana e policaprolactona, tira proveito das melhores propriedades dos dois materiais e gera uma guia de nervos que permitirá que as cirurgias de reconstrução de nervos danificados sejam mais fáceis e apresentem melhores resultados do que as atuais.
O novo material também poderá ser utilizado para tratar ferimentos, fazer enxertos no coração, tendões, ligamentos, cartilagem, para a reparação de músculos e outras aplicações biomédicas.
Fonte: Diário da Saúde
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