A corrida por memórias mais rápidas, de maior capacidade e cada vez mais miniaturizadas parece não ter fim. E provavelmente não terá. Mas agora começou uma nova corrida, à medida que cresce a preocupação com a manutenção dos dados digitais para a posteridade.
Dados digitais ameaçados
A humanidade tem gerado dados e informações que superam anualmente o que havia sido criado durante séculos de história. Contudo, os meios de armazenamento digital estado-da-arte não duram mais do que 100 anos.
E os dados são simplesmente perdidos para sempre, seja por ação do magnetismo natural do ambiente, da umidade ou da simples deterioração pelo tempo. Um DVD de última geração não dura mais do que 30 anos.
Pedra de Roseta Digital
Pesquisadores japoneses acreditam ter achado uma possível solução para o problema: a criação do que eles batizaram de Pedra de Roseta Digital. A Pedra de Roseta foi um achado arqueológico que permitiu que os estudiosos decifrassem os hieróglifos egípcios.
O nome foi escolhido tanto por pretender que as gerações futuras acessem o conhecimento gerado hoje, como porque o aparato de armazenamento agora idealizado lembra uma rocha metamórfica, como a ardósia e outras pedras ornamentais, que são formadas em camadas.
Armazenamento em memória ROM
A proposta dos cientistas das universidades de Keio e Kyoto, em conjunto com a empresa Sharp, é um sistema de armazenamento de dados baseado em pastilhas de silício. Os dados são gravados no hardware, com os bits ocupando o lugar dos transistores e outros componentes eletrônicos no interior de um chip.
Os dados são escritos diretamente em uma pastilha de silício de 15 polegadas (38,1 cm) como se fossem uma memória ROM tradicional (ROM: Read Only Memory - memória somente para leitura), usando um feixe de elétrons.
As diversas pastilhas são empilhadas e seladas com óxido de silício, formando um aglomerado coeso, parecido com os grandes HDs dos primeiros computadores de grande porte e lembrando as ocorrências de ardósia e outras pedras decorativas.
A leitura é feita sem contato, por meio de uma outra pastilha de silício colocada sobre o grande disco ROM. Esta pastilha de leitura fornece a eletricidade necessária, sem fios e sem contato direto, para que as diversas pastilhas armazenadoras leiam seus próprios dados e os transmitam para a pastilha de leitura - um esquema com o mesmo conceito de funcionamento das etiquetas RFID.
RFID
No primeiro protótipo, apresentado pelos pesquisadores durante o 2009 Symposium on VLSI Circuits, no Japão, os pesquisadores utilizaram uma tecnologia CMOS de 45 nanômetros para construir as pastilhas ROM de armazenamento. Quatro dessas pastilhas empilhadas fornecem uma capacidade de armazenamento de 2,5 Terabits.
Os testes já avançaram para um chip ROM - a parte do circuito onde os dados são gravados - medindo 5 x 5 milímetros. Ao seu lado ficam duas bobinas, uma de 2 milímetros de diâmetro para recepção da energia elétrica necessária para seu funcionamento, e outra, de 0,4 milímetro, para transmissão dos dados.
Segundo os pesquisadores, utilizando quatro canais de comunicação sem fios, é possível suprir 56 mW de potência para a Pedra de Roseta Digital, mais do que suficiente para seu funcionamento seguro. A velocidade de leitura dos dados atinge 150 Mbps.
Memória eterna
A Pedra de Roseta Digital é promissora para o armazenamento de dados críticos, embora o sistema de gravação, com o nível atual de tecnologia, impeça seu uso fora dos ambientes de fabricação de chips.
Há menos de um mês, pesquisadores da Universidade de Berkeley apresentaram uma solução diferente, baseada em nanotubos de carbono. Embora ainda não tenha gerado um protótipo funcional, a proposta fala em uma "memória eterna," capaz de durar mais de um bilhão de anos - veja Memória "eterna" poderá guardar dados por 1 bilhão de anos.
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