Um tesouro escondido no fundo do mar, repleto de riquezas minerais e biológicas espalhadas por mais de quatro milhões de quilômetros quadrados. Este patrimônio nacional, ainda desconhecido por boa parte dos brasileiros, é a Amazônia Azul.
O território apresenta enorme potencial de desenvolvimento para o País e, assim como a Amazônia verde, está ameaçado pelos interesses internacionais e pela biopirataria. Algumas iniciativas já foram tomadas no sentido de reunir esforços para definir estratégias de melhor aproveitamento e exploração da região.
Dificuldades das pesquisas marítimas
Em dezembro de 2008, o governo federal lançou o 7º Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM). Em março último, terminou o 4º Ano Polar Internacional, cujo objetivo foi o de desenvolver pesquisas científicas para conhecer os ambientes nos pólos Ártico e Antártico, suas mudanças climáticas e a interação com o meio ambiente da Terra.
No mês passado, a Universidade Federal de Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul, sediou o 1º Fórum Brasileiro da Amazônia Azul e Antártica, que trouxe reflexões acerca das necessidades e dificuldades das pesquisas marítimas e na Antártica.
Recursos do mar
O Fórum reuniu por três dias mais de 500 participantes, entre estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisa e técnicos dos ministérios do Meio Ambiente (MMA), Ciência e Tecnologia (MCT), Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Seap) e Marinha.
Além de discussões sobre a importância dos oceanos, do mar e Antártica, o encontro discutiu avanços na cooperação oceanográfica e o uso das pesquisas como estratégia econômica para explorar o potencial pesqueiro. No fim dos debates, os participantes apresentaram uma síntese das propostas, que fará parte de um documento a ser encaminhado ao Congresso Nacional.
O relatório final apresentado no fórum alerta para a necessidade de que os temas do oceano, dos mares e da Antártica tenham a devida relevância por parte das políticas públicas.
Profissionais para estudar o mar
Outro desafio apontado pelos pesquisadores refere-se à quantidade e continuidade de recursos destinados às pesquisas no mar. "É importante dar a esta área o correspondente prestígio, tendo em vista seu potencial econômico e social", diz a vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Wrana Panizzi, que representou o ministro Sergio Rezende na mesa de encerramento do Fórum.
O documento salienta ainda a importância da formação e preparação de profissionais, além de chamar a atenção para questões de caráter mais operacional, como a valorização da experiência embarcada como instrumento de formação de recursos humanos. E, mesmo com os avanços da cooperação da comunidade na área oceanográfica, é preciso que haja colaboração internacional e entre as instituições.
Acordo para pesca
No final do 1º Fórum Brasileiro da Amazônia Azul, a Seap e a Furg assinaram um Acordo de Cooperação Técnica que possibilita ações conjuntas para o desenvolvimento da cadeia produtiva da anchoíta, um pescado comum na costa brasileira, mas que ainda é pouco aproveitado economicamente.
O acordo também pretende promover ações para consolidar a pesca da anchoíta no País, fortalecer a indústria pesqueira de Rio Grande e elaborar produtos de anchoíta para consumo direto humano, priorizando a alimentação escolar.
O Fórum se encerrou com o lançamento do livro Mar e Ambientes Costeiros, organizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE/MCT). A publicação, que reúne trabalho de vários pesquisadores da área de oceonografia, sugere ações a serem empreendidas para subsidiar políticas públicas não apenas para o desenvolvimento da ciência, mas também para o aproveitamento dos recursos naturais do mar.
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