Esta descoberta tem implicações diretas no tratamento desta doença devastadora, uma das principais causas de mortalidade no mundo, causada pelo parasita Plasmodium.
Ação do Plasmodium
Miguel Soares e sua equipe haviam demonstrado anteriormente que, ao multiplicar dentro dos glóbulos vermelhos (as células que transportam o oxigênio dos pulmões para os tecidos), o Plasmodium leva à ruptura destas células e à libertação de hemoglobina para a corrente sanguínea.
No sangue, a hemoglobina liberta os seus grupos heme (quatro centros de ferro através dos quais o oxigênio se liga à hemoglobina) e são estes grupos que causam os sintomas graves de malária.
Defesa natural
Agora, neste novo estudo, os cientistas mostram que ratinhos infectados com o Plasmodium produzem níveis elevados da enzima heme-oxigenase-1 (HO-1), que degrada os grupos heme livres e, deste modo, protege os animais infectados das formas mais graves de malária.
Além disso, o efeito da enzima HO-1 pode ser produzido pela aplicação do fármaco antioxidante N-acetilcisteína (NAC).
Terapias alternativas para malária
Segundo Miguel Soares, "O efeito antioxidativo da enzima HO-1 faz parte do sistema de defesa natural do hospedeiro contra o parasita da malária. Ele confere uma forte proteção contra a doença, sem, surpreendentemente, interferir diretamente com o parasita. Em alguns casos, é a própria reação do hospedeiro contra o parasita que leva à morte do primeiro."
"O efeito protetor da enzima HO-1 permite que a resposta do hospedeiro leve à morte do parasita, assegurando a sobrevivência do hospedeiro. Esta observação abre caminho a terapias alternativas contra a malária, que, ao contrário dos tratamentos existentes, não interfiram diretamente com o parasita mas antes reforcem o estado de saúde do hospedeiro, assegurando que seja capaz de eliminar o parasita sem colocar em risco a sua própria sobrevivência. Este tipo de terapia será com certeza eficaz na proteção contra formas graves de malária, salvando vidas, tudo sem favorecer o aparecimento de estirpes de parasitas resistentes."
E continua, "Por outro lado, as nossas descobertas poderão ter implicações para os tratamentos de outras doenças inflamatórias - esta é uma linha de investigação que estamos ativamente a prosseguir no IGC".
Fonte: Diário da Saúde
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