"O alcoolismo é uma enfermidade, não apenas um problema de força de vontade. Os médicos tratam as enfermidades a fim de evitar o sofrimento, embora não necessariamente curem a doença que está sendo tratada," explica o Dr. Ivan Diamond, da Universidade da Califórnia (EUA).
Para fundamentar seus argumentos, ele cita o caso dos medicamentos para controlar a hipertensão, as estatinas para o colesterol alto e a insulina para o diabetes - todos controlam a saúde do paciente, mas a doença não é de fato curada.
O verdadeiro objetivo da Medicina
O mesmo, segundo ele, é verdadeiro para o alcoolismo. Beber demais causa sofrimento, dor e danos à saúde do paciente. "Nós precisamos prevenir o alcoolismo a fim de evitar o sofrimento," diz ele, destacando que o grande objetivo da medicina não é curar as doenças e nem manter a vida, porque então, no limite, ela falharia sempre, mas aliviar as dores e o sofrimento das pessoas.
É daí que surgiu o interesse do Dr. Diamond na planta medicinal kudzu, usada na medicina tradicional chinesa, para tratar o alcoolismo, uma enfermidade cujos tratamentos até agora são inteiramente dependentes da força de vontade do paciente, sem nenhum auxílio medicamentoso.
O estudo do Dr. Diamond e sua equipe mostrou que os extratos da planta contêm substâncias químicas que têm efeito antialcoolismo.
Substância antialcoolismo
A trepadeira kudzu contém daidzina, uma substância que inibe o alcoolismo. A daidzina inibe o aldeído desidrogenase 2 (ALDH-2), responsável por metabolizar o álcool em acetaldeído. A inibição do ALDH-2 provoca o acúmulo de acetaldeído, que produz efeitos aversivos em relação ao álcool e ainda evita as recaídas ao diminuir os níveis de dopamina no cérebro.
Esta descoberta, que explica os fundamentos bioquímicos de operação da planta medicinal milenar será publicada no exemplar de Novembro do jornal Alcoholism: Clinical & Experimental Research.
A planta kudzu contem outras substâncias da mesma família, das chamadas isoflavonas, que atuam contra o consumo excessivo de álcool. Essas substâncias incluem a puerarina e daidzeina, mas a daidzina mostrou ter o mais forte efeito antialcoolismo entre as três.
Fazendo acontecer
Agora a pesquisa passará para a etapa de testes e verificação de toxicidade.
"A bebida em excesso causa prejuízos, enquanto beber moderadamente parece ser seguro. Um número cada vez maior de médicos acredita que a abstinência do álcool é um objetivo irreal. Isso parece ser uma heresia, mas não é. Desta forma, um medicamento ideal poderá ser capaz de evitar a recaída descontrolada, convertendo alcoólatras em bebedores moderados e evitando as consequências danosas da ingestão excessiva de álcool. Se nosso composto funcionar e for seguro para usar, então eu acredito que a maioria dos médicos não hesitará em prescrever um novo medicamento para evitar a recaída e reduzir a ingestão excessiva de álcool. Meu objetivo é fazer isso acontecer," concluir o Dr. Diamond.
Fonte: Diário da Saúde
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