quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Genoma do mosquito da malária ajudará na produção de vacina e repelente

Cientistas brasileiros já mapearam 85% do genoma do mosquito transmissor da malária na América do Sul, o Anopheles darlingi. De acordo com a pesquisadora do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Ana Tereza Vasconcelos, já há informação suficiente para subsidiar a produção de vacinas para a doença e repelentes contra o mosquito.

O sequenciamento do genoma vai identificar os genes responsáveis pelas características do mosquito, além de identificar proteínas importantes para estudos de combate à malária. "É como se fosse um manual de instruções do mosquito", compara Ana Tereza.

Sentindo o odor do homem

Os pesquisadores estão há pelos menos três anos no projeto e analisam centenas de amostras do mosquito, colhidas no interior da Amazônia. Até o fim deste ano, o grupo do LNCC pretende ter mais de 90% do genoma decodificado.

Do sequenciamento à produção de vacinas ou repelentes, Ana Tereza reconhece que haverá um tempo longo, mas afirma que já há pesquisas com esse fim em andamento.

"Identificamos algumas proteínas que são responsáveis pelo mosquito sentir o odor do homem, se a gente cria um repelente capaz de impedir que o inseto tenha esse olfato tão apurado, ele não vai mais picar o homem e vai acabar morrendo, porque precisa do sangue humano para se alimentar", aponta.

Outros sequenciamentos

Segundo Ana Tereza, "entender a biologia desse organismo [o mosquito]" é fundamental para o controle da doença. O genoma do protozoário causador da malária - que tem parte do ciclo de vida no mosquito - já foi decodificado, de acordo com a pesquisadora.

Além do vetor da malária, o grupo do LNCC está pesquisando o genoma do Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas e sequenciando células de câncer de mama e de cólon. Os estudos integram o projeto Rede Genoma Brasileiro.

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