sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cientistas descobrem proteína que inibe e destrói tumores malignos

Mais da metade de todos os canceres humanos desabilitam uma proteína chamada p53. Esta proteína é uma espécie de guarda-costas celular, controlando a maior parte das operações no interior da célula que a protegem do câncer.

Quando as células perdem a p53, os tumores crescem agressivamente e frequentemente o câncer não pode mais ser tratado.

Embora esse fenômeno tenha mantido os médicos de mãos amarradas até agora, uma nova pesquisa indica que esta pode não ser uma guerra totalmente perdida, ainda que a batalha seja dura.

Gene do câncer

Segundo a professora Alea Mills, do Cold Spring Harbor Laboratory (EUA), há uma fragilidade nas defesas do tumor que pode ser atingida por uma outra proteína, chamada TAp63, uma irmã mais velha da p53 que geralmente permanece intacta e não sofre mutações na maioria dos cânceres.

Alea e seus colegas conseguiram frear o crescimento de tumores nos quais a p53 havia sido destruída por meio da produção da TAp63 - pertencente a uma classe de proteínas produzida pelo gene p63.

"O gene p63 é uma faca de dois gumes," conta Alea, que descobriu o gene há cerca de 10 anos. Das seis proteínas codificadas pelo p63, três promovem atividades que podem levar ao desenvolvimento de um câncer. As outras três, que são as versões TAp63, fazem o oposto: eles previnem o câncer ativando a senescência, um processo que destrói o tumor.

Senescência

A TAp63 bloqueou inteiramente o crescimento do tumor ao induzir a senescência, um estado no qual as células tumorais continuam metabolicamente ativas mas não conseguem mais se dividir.

A simples elevação dos níveis de TAp63 nas células que não possuíam a proteína p53 bloqueou a progressão de tumores já estabelecidos em cobaias. Durante o experimento, alguns tumores entraram em processo de redução.

"Nós ficamos muito entusiasmados ao ver que a TAp63 desativou completamente o câncer independentemente da p53," diz Alea. "Isto significa que agora nós temos uma forma de atacar os cânceres que danificam a proteína p53, que são muito difíceis de tratar hoje."

O estudo deverá ser publicado no próximo exemplar da revista científica Nature Cell Biology.

Uma nova estratégia contra o câncer?

Os pesquisadores descobriram que a TAp63 também pode substituir a p53 em sua capacidade de interromper o processo de crescimento do tumor. "Isso sugere que a TAp63 anula os sinais que acionam o câncer e impede que o câncer sequer chegue a se formar," diz a pesquisadora.

A pesquisa avançou ainda outro passo, mostrando que, além de bloquear o início dos tumores, a TAp63 também destrói tumores já estabelecidos. Os cientistas fizeram com que os tumores produzissem a TAp63 utilizando um composto químico chamado doxiciclina. Eles acreditam que a senescência das células chama a atenção do sistema imunológico, que consegue destruir as células tumorais.

Alea propõe que a ativação intensiva da TAp63 pode ser uma estratégia viável para combater o câncer no futuro. Alternativamente, descobrir formas de estabilizar a TAp63 que já está sendo produzida ou bloquear as rotas que combatem a ação da proteína também poderá ser uma estratégia válida.

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