Um passo importante para a compreensão das bases moleculares dessa enfermidade está sendo dado agora por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), que lançaram o projeto "Controle do transcriptoma no diabetes mellitus".
"O transcriptoma é o conjunto dos RNAs [ácido ribonucleico] da célula, incluindo os RNAm e os microRNAs. O objetivo de sua análise é descobrir como e quando os genes funcionam. É uma espécie de 'fisiologia genética', explicou o professor Geraldo Passos, coordenador do projeto.
Controle dos genes
Segundo Geraldo, ao saber como um gene atua numa doença, poderemos pensar em desenvolver drogas específicas para tentar atenuar sua expressão, se for o caso. Ou, por outro lado, estimular a expressão de outros genes na tentativa de controlar a manifestação da doença.
A pesquisa começou com a seleção de pacientes dos três tipos de diabetes (DM-1, DM-2 ou DMG). Essa fase é supervisionada pelos médicos Milton César Foss e Maria Cristina Foss-Freitas, do Hospital das Clínicas da FMRP.
Das amostras de sangue periférico coletadas desses pacientes serão separados os linfócitos, nos quais se encontram os RNAs. A equipe então aplicará a técnica de microarrays para avaliar a expressão gênica da amostra incluindo os RNAm e os microRNAs.
Comparação com cobaias
A enorme quantidade de dados obtidos será então processada por softwares de bioinformática. Outro detalhe da pesquisa é que o material humano será comparado ao de camundongos NOD, que possuem semelhança genética significativa com o ser humano e também desenvolvem o diabetes do tipo 1 (DM-1).
"Há tipos de estudos que só podem ser feitos nos camundongos. Um gene ligado à doença pode iniciar sua manifestação na fase fetal, por exemplo, o que só podemos analisar nos animais", explicou Passos.
Três tipos de diabetes
O grande diferencial desse projeto, de acordo com o coordenador, é o fato de ele analisar simultaneamente os três tipos de diabetes: DM1 (de caráter autoimune e herdado geneticamente), DM2 (provocado por hábitos como ingestão de calorias em demasia e sedentarismo) e DMG (ou diabetes gestacional, desenvolvido pela mulher durante a gravidez).
Com isso, será possível levantar semelhanças e diferenças na expressão gênica nos três tipos da doença, dando uma visão mais ampla do diabetes, do ponto de vista genético.
"Trata-se de um ramo de pesquisa que depende de altos investimentos, pois exige equipamentos importados de última geração que conseguimos graças ao apoio da FAPESP", salientou Passos.
Fonte: Diário da Saúde
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