quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Rede inteligente de energia seria solução definitiva, diz especialista

Uma rede de energia com medidores em cada casa, que permitam ao consumidor que possua painéis solares também vender energia para sua própria concessionária.

Um sistema com essas características ainda não funciona em lugar nenhum, mas é o assunto que domina todos os congressos da área.

“Você passa a ter uma relação de ida e volta”, explicou ao G1 o professor do Departamento de Energia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Camargo. “No modelo tradicional, verticalizado, você concentra geração, tem um grande tronco de transmissão e a distribuição leva para diversos pontos”, disse. “Nessa nova tecnologia, propõe-se uma geração mais distribuída, você tem fontes de geração nas pontas.”

No caso do Brasil, essa concentração da geração é ainda mais acentuada, porque a usina hidrelétrica de Itaipu responde por 20% do consumo do país. “Muitos ovos estão naquela cesta”, disse Camargo.

Além de pequenas gerações nas pontas do sistema, o smart grid prevê a solução do grande problema do modelo tradicional. “O grande drama hoje é que não conseguimos armazenar energia, o que é gerado tem de ser consumido”, apontou Camargo. “Com um sistema um pouquinho mais inteligente, você tem uma bateria em sua casa, transforma a energia elétrica em química e consegue guardar.”

“Claro que estamos pensando alto, delirando, mas a comunidade de pesquisa envolvida com esse tema já chama o ‘smart grid’ de ‘a internet’ da área de energia”, disse Camargo. “Acho que vamos ver isso em 20 anos.”

Pé no chão

Voltando à realidade do apagão que afetou 10 estados brasileiros na terça-feira (10) à noite, Camargo comenta que a ocorrência de falhas isoladas na rede de transmissão é muito comum. “As contingências simples ocorrem quase todas as horas. São 600 por mês em todo sistema, 20 por dia, e os consumidores nem sentem”, indica.

Em sua avaliação, é preciso investigar em detalhe como se deu a contingência tripla (problemas em três linhas de transmissão) apontada pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, como explicação para a pane do sistema. “De fato, o sistema brasileiro é projetado para resistir a contingências simples, e não a duplas ou triplas. Mas se o que ocorreu é que caiu uma linha importante e essa queda provocou a da outra, e essa de outra, então o sistema está mal planejado.”

Fonte: G1

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