Um sistema com essas características ainda não funciona em lugar nenhum, mas é o assunto que domina todos os congressos da área.
“Você passa a ter uma relação de ida e volta”, explicou ao G1 o professor do Departamento de Energia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Camargo. “No modelo tradicional, verticalizado, você concentra geração, tem um grande tronco de transmissão e a distribuição leva para diversos pontos”, disse. “Nessa nova tecnologia, propõe-se uma geração mais distribuída, você tem fontes de geração nas pontas.”
No caso do Brasil, essa concentração da geração é ainda mais acentuada, porque a usina hidrelétrica de Itaipu responde por 20% do consumo do país. “Muitos ovos estão naquela cesta”, disse Camargo.
Além de pequenas gerações nas pontas do sistema, o smart grid prevê a solução do grande problema do modelo tradicional. “O grande drama hoje é que não conseguimos armazenar energia, o que é gerado tem de ser consumido”, apontou Camargo. “Com um sistema um pouquinho mais inteligente, você tem uma bateria em sua casa, transforma a energia elétrica em química e consegue guardar.”
“Claro que estamos pensando alto, delirando, mas a comunidade de pesquisa envolvida com esse tema já chama o ‘smart grid’ de ‘a internet’ da área de energia”, disse Camargo. “Acho que vamos ver isso em 20 anos.”
Pé no chão
Voltando à realidade do apagão que afetou 10 estados brasileiros na terça-feira (10) à noite, Camargo comenta que a ocorrência de falhas isoladas na rede de transmissão é muito comum. “As contingências simples ocorrem quase todas as horas. São 600 por mês em todo sistema, 20 por dia, e os consumidores nem sentem”, indica.
Em sua avaliação, é preciso investigar em detalhe como se deu a contingência tripla (problemas em três linhas de transmissão) apontada pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, como explicação para a pane do sistema. “De fato, o sistema brasileiro é projetado para resistir a contingências simples, e não a duplas ou triplas. Mas se o que ocorreu é que caiu uma linha importante e essa queda provocou a da outra, e essa de outra, então o sistema está mal planejado.”
Fonte: G1
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