Novos dados indicam que os ecossistemas e oceanos da terra têm uma capacidade muito maior de absorver gás carbônico do que demonstravam os estudos científicos feitos até então.
A pesquisa, feita na Universidade de Bristol, na Inglaterra, mostra que o equilíbrio entre a quantidade do gás em suspensão na atmosfera e a que é absorvida se manteve praticamente constante desde 1850, apesar das emissões causadas pelo homem.
No mesmo período, as chamadas emissões antropogênicas saltaram de 2 bilhões de toneladas anuais em 1850, para 35 bilhões de toneladas anuais atualmente.
Ou seja, a natureza teria absorvido virtualmente todo o excesso de gás carbônico emitido pelo homem.
IPCC em apuros
Ao contrário da maioria dos estudos climáticos sobre o tema, sobretudo os que balizam as decisões do IPCC, este não se baseou em modelos de clima computadorizados, mas em dados de medições históricos reais, coletados diretamente, e em estatísticas.
O estudo não é o primeiro a desafiar as conclusões do IPCC - veja, por exemplo, Métodos de monitoramento do CO2 são inadequados para um tratado internacional do clima e Novos dados exigirão alterações nos modelos climáticos do IPCC.
Até agora, os cientistas consideravam que a capacidade dos ecossistemas e oceanos em absorver o dióxido de carbono cairia conforme as emissões aumentassem, fazendo disparar o nível de gases causadores do efeito estufa na atmosfera.
O novo estudo contesta esta teoria, mostrando que a Terra, até o momento, absorveu quase a totalidade dos gases de efeito estufa emitidos pelo homem.
Capacidade de absorção da Terra
Os pesquisadores descobriram que a taxa de aumento dos gases em suspensão na atmosfera tem oscilado entre 0,7% e 1,4% a cada década, desde 1850. Segundo o Dr. Wolfgang Knorr, coordenador do estudo, "isso é essencialmente zero."
Para os cientistas, o trabalho é extremamente importante no debate de políticas para o controle das mudanças climáticas, já que as metas de emissão que devem ser negociadas em Copenhague, em dezembro, baseiam-se em projeções que consideram que a capacidade de absorção da Terra já teria-se esgotado.
Posições políticas
Seria então esta uma boa notícia para os líderes mundiais que deverão se reunir em Copenhague? "Não necessariamente," responde o Dr. Knorr.
"Como em todos os estudos deste tipo, há incertezas nos dados", admitiu. "Portanto, em vez de confiar que a natureza vai nos oferecer o serviço de graça, absorvendo nosso gás carbônico, nós precisamos nos certificar dos motivos pelos quais a parcela absorvida não mudou," defende ele.
Emissões pelo desmatamento
Outro resultado do estudo é que as emissões resultantes do desmatamento florestal podem ter sido superestimadas em valores que variam de 18% a 75%.
Esse resultado coincide com as conclusões de um outro estudo que está sendo publicado na revista Nature Geoscience, no qual a equipe do Dr. Guido van der Werf, da Universidade de Amsterdam, na Holanda, concluiu que as emissões geradas pelas queimadas estão superestimadas, em alguns casos sendo calculadas como se fossem o dobro do que os dados indicam.
Recentemente, o professor Gilberto Câmara, diretor do INPE, chamou a atenção para um problema relacionado, afirmando que os dados sobre emissão de CO2 pelo desmatamento são chutados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário