A pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine nesta quarta-feira, explica que o paciente está nessa condição vegetativa há sete anos, quando sofreu um acidente de trânsito.
Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que pacientes em estado vegetativo podem aprender. Recentemente, pesquisadores afirmaram ter se comunicado com um paciente que estava em coma há 23 anos e um pai acordou sua filha do coma fazendo-lhe perguntas de matemática.
Isto demonstra que o estado vegetativo, ou o coma, ainda são muito pouco compreendidos pela ciência - veja Coma é diagnosticada incorretamente em 41% dos casos.
Respostas motoras do cérebro
Os médicos das universidades de Cambridge, na Inglaterra, e de Liège, na Bélgica, pediram ao paciente belga que imaginasse atividades motoras, como jogar tênis, para responder "sim", e imagens espaciais, como ruas, para indicar "não".
Os especialistas sabiam que cada tipo de pensamento ativaria uma área diferente de seu cérebro. Portanto, por meio de uma técnica de Imagem por Ressonância Magnética Funcional (fMRI, na sigla em inglês), que monitora a atividade cerebral do paciente em tempo real, eles puderam identificar suas respostas.
O paciente respondeu corretamente a cinco das seis perguntas sobre sua vida pessoal. Ele confirmou, por exemplo, que seu pai se chamava Alexander.
"Nós ficamos atônitos quando vimos os resultados do exame do paciente. Ele foi capaz de responder corretamente às questões que fizemos simplesmente alterando seus pensamentos", disse Adrian Owen, professor de neurologia da Universidade de Cambridge e um dos coordenadores da pesquisa.
Problemas de consciência
No total, o grupo trabalhou com 54 pacientes que sofrem de desordem de consciência, dos quais 23 estão em estado vegetativo. Eles também usaram a técnica com voluntários saudáveis, para efeito de comparação.
O repórter da BBC Fergus Walsh também passou pelo teste do fMRI. "Eu passei aos cientistas os nomes de duas mulheres, sendo uma delas a minha mãe. Eu me imaginei jogando tênis quando disseram o nome dela. Em um minuto eles sabiam qual das duas era a minha mãe. Eles também foram capazes de acertar se eu tinha filhos", narrou Walsh.
A pesquisa concluiu que dos 54 pacientes envolvidos, cinco foram capazes de voluntariamente alterar sua atividade cerebral. Três deles demonstraram inclusive algum grau de consciência, mas os outros dois não necessariamente mudaram seus pensamentos conscientemente.
Decisões do paciente
Owen diz que o estudo abre o caminho para que o paciente em estado vegetativo possa tomar decisões quanto ao seu tratamento.
"Você poderia perguntar se os pacientes sentem dor e então prescrever algum analgésico, e você poderia ir além e perguntar a eles sobre seu estado emocional", explicou.
O uso dessa técnica pode levantar questões éticas, como por exemplo, se é correto desativar os aparelhos para deixar um paciente em estado vegetativo morrer, já que ele pode ter algum grau de consciência e até capacidade de manifestar vontade própria.
Fonte: Diário da Saúde
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