A degeneração macular e a retinite pigmentosa danificam os fotorreceptores, as células da retina que transformam a luz em sinais elétricos, que são transmitidos ao cérebro por meio do nervo óptico. Os danos deixam milhões de pessoas no mundo inteiro com perdas visuais e cegueira.
Os nervos por trás dessas células captadoras de luz, porém, permanecem intactos, o que significa que, com novos fotorreceptores, um paciente poderia novamente enxergar.
Cultivando fotorreceptores
As primeiras tentativas de regenerar a vista injetando células progenitoras ou células-tronco, que se diferenciam em fotorreceptores, nos olhos de animais falharam.
"Como em qualquer parte do sistema nervoso central, o tecido cicatrizado [deixado pelas doenças] é uma barreira à regeneração," conta o Dr. Gary Wnek, professor de ciência macromolecular na Universidade Case Western, nos Estados Unidos.
O Dr. Wnek, e seu colega Meghan Smith, juntamente com uma equipe das universidades de Harvard e da Califórnia, partiram então para projetar um implante que limpa o tecido da cicatriz deixada pelas doenças e deposita as células-tronco.
Os primeiros resultados da pesquisa acabam de ser anunciados na última edição da revista Biomateriais.
Implante biodegradável
O micro-implante consiste em uma sucessão de camadas construídas com fibras entrelaçadas de polímeros biodegradáveis, uma espécie de tecido plástico muito fino.
Na superfície do implante vão as células-tronco, enquanto, incorporadas nas fibras, vão pequenas bolsas que contêm enzimas que migram lentamente para fora do implante conforme o polímero se degrada, corroendo o tecido da cicatriz e deixando um terreno fértil para as células progenitoras.
Mágica da visão
O implante fornece um suporte tanto físico quanto químico para as células. A presença das enzimas elevou de 15 a 20 vezes o número de células progenitoras que sobreviveram depois do implante, em comparação com o implante sem as enzimas.
"Ninguém sabe ainda qual é o número mágico de células necessárias para recuperar a visão," diz o Dr. Tucker. "Mas eu suspeito que este é um número razoável", lembrando que trabalhos já publicados têm demonstrado que as pessoas que sofrem perda de visão podem recuperar a capacidade de enxergar com a adição de um número de células fotorreceptoras menor do que o número existente em um olho saudável.
Nos camundongos que receberam o implante, as células progenitoras foram assumindo a forma de células fotorreceptoras maduras e apresentaram comportamento fotorreceptor 14 dias depois do implante.
Implante 2.0
Os resultados ajudaram a projetar uma nova versão do implante, mais grossa e usando um polímero mais flexível, o que deverá melhorar ainda mais o número de fotorreceptores novos que se desenvolvem no olho.
A próxima etapa da pesquisa consistirá em testar o novo modelo do implante. Ainda não há previsão de data para avaliação da nova técnica em humanos.
Fonte: Diário da Saúde
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