Este resultado não poderia ser obtido com nenhuma técnica convencional de varredura do cérebro, seja raios X, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Os diagnósticos objetivos - independentes de entrevistas ou avaliações subjetivas - foram possíveis graças a avanços no campo da magnetoencefalografia (MEG), uma técnica inovadora, não-invasiva, que é capaz de medir os campos magnéticos no cérebro.
Os resultados acabam de ser publicados na revista médica Neural Engineering.
Recentemente, utilizando a mesma técnica, um médico brasileiro recebeu um prêmio internacional por suas descobertas relacionadas à chamada dor fantasma - veja Pesquisa sobre dor fantasma dá prêmio internacional a médico brasileiro.
Transtorno do estresse pós-traumático
Os pesquisadores das universidades de Minneapolis e Minnesota, liderados por Apostolos Georgopoulos e Brian Engdahl, trabalharam com ex-combatentes que serviram em várias guerras diferentes - 2ª Guerra Mundial, Vietnã, Afeganistão e Iraque.
Todos esses veteranos já haviam sido diagnosticados, por outros meios, com sintomas comportamentais do estresse pós-traumático.
A pesquisa incluiu ainda um grupo de controle de 250 indivíduos do público em geral, sem problemas mentais ou neurológicos e sem participação em conflitos armados.
O transtorno do estresse pós-traumático pode se manifestar em flashbacks, pesadelos recorrentes, raiva ou hipervigilância.
Conexão dos neurônios
Com mais de 90 por cento de exatidão, os pesquisadores foram capazes de diferenciar os pacientes com estresse pós-traumático dos indivíduos saudáveis utilizando um exame chamado teste de interações neurais síncronas, que consiste na análise das cargas magnéticas liberadas quando grupos de neurônios em nossos cérebros se conectam, ou se "acoplam."
A capacidade de diagnosticar objetivamente o estresse pós-traumático é o primeiro passo para ajudar os que sofrem desse transtorno de ansiedade grave, que pode resultar da guerra, mas também pode ser uma consequência da exposição a qualquer evento psicologicamente traumático.
Os cientistas chamam o diagnóstico objetivo de "biomarcador" - um indicador mensurável, independente da avaliação subjetiva do paciente, da ocorrência de uma condição ou transtorno médico.
Diagnóstico e acompanhamento da doença
Além de conseguirem distinguir entre a atividade neural dos que sofrem do transtorno do estresse pós-traumático e das pessoas mentalmente saudáveis, os pesquisadores também encontraram uma associação positiva entre a certeza de suas previsões e a gravidade dos sintomas - quanto mais sério é o transtorno, mais preciso é o diagnóstico fornecido pelo exame magnético do cérebro.
Isto sugere que a magnetoencefalografia também poderá avaliar a verdadeira identidade do transtorno de cada paciente e os níveis desse transtorno.
Segundo os pesquisadores, "Os excelentes resultados obtidos são promissores quanto à utilidade do teste de interações neurais síncronas para o diagnóstico diferencial, assim como para o acompanhamento da progressão da doença e para avaliar os efeitos psicológicos e/ou os tratamentos com medicamentos."
Magnetoencefalografia
Este trabalho, especificamente sobre a detecção de transtorno de estresse pós-traumático, vem somar-se a outros exemplos de sucesso no uso da magnetoencefalografia para a detecção de outras doenças cerebrais, como Alzheimer e esclerose múltipla.
Esta técnica emergente de avaliação do magnetismo cerebral foi inventada por um dos líderes desta nova pesquisa, o Dr. Apostolos P. Georgopoulos.
Fonte: Diário da Saúde
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