sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Memória mecânica superdensa renasce graças a um "baroplástico"

Em 2002, a IBM apresentou uma tecnologia mecânica de memórias digitais que lembrava muito os antigos cartões perfurados do início da era da informática, onde os furos representavam os bits. Com a diferença que a nanotecnologia levou tudo para a escala dos nanômetros.

A tecnologia, batizada de Milípede (centopeia), usa uma ponta microscópica para fazer furos em um filme de polímero. Um local, perfurado ou não, representa um bit. A mesma ponta pode tapar o furo, apagando a informação e alterando um bit de 0 para 1 ou vice-versa.

O resultado era a maior densidade de gravação já vista, com a possibilidade de gravação de 1 trilhão de bits por polegada quadrada. O grande inconveniente era que a tecnologia era mesmo quente: ela só funcionava em temperaturas entre 300 e 400º C.

Baroplásticos

Agora, um grupo de engenheiros da Universidade de Pohang, na Coreia do Sul, resolveu o problema da temperatura e montou um protótipo da tecnologia Milípede que funciona a temperatura ambiente.

A equipe do professor Jin Kon Kim trocou a temperatura pela pressão. Em vez de um polímero que se derrete, ele utilizou um "baroplástico" - um polímero duro que amolece quando colocado sob pressão.

Os primeiros baroplásticos foram descobertos há cerca de 10 anos, mas somente amoleciam sob pressões muito altas, acima de 300 bar. A equipe do professor Kim criou um novo baroplástico que faz a transição a uma pressão de apenas 60 bar: "O mais baixo nível entre todos os copolímeros de bloco relatados na literatura," disse ele.

Os pesquisadores demonstraram que a ponta de um microscópio de força atômica (AFM) pode escavar os minúsculos furos usados para armazenar os dados no sistema centopeia simplesmente aplicando uma pequena pressão sobre o material. Uma pressão mais leve pode ser utilizada para ler os furos sem alterá-los.

Armazenamento mecânico de dados

Um sistema de armazenamento mecânico de dados tem muitas vantagens sobre os sistemas magnéticos, as principais delas sendo a confiabilidade e a durabilidade das mídias, além da enorme densidade. Uma vez gravado, o material poderá manter os dados de forma quase indefinida, enquanto os meios atuais de armazenamento perdem os dados em poucos anos.

Os pesquisadores coreanos terão agora de lidar com o desgaste da ponta utilizada para fazer a gravação e a leitura. A ponta de um microscópio de força atômica é tão fina que seu desgaste é extremamente acentuado.

Uma das abordagens possíveis será a utilização de pontas mais grossas ou mais duras, uma vez que o sistema de gravação não exigirá a mesma precisão de uma ponta de um microscópio, projetada para testar diversos materiais com extrema precisão. Uma ponta cujo único trabalho será fazer furos em um plástico macio poderá ser muito mais rústica e durável.

Mas o avanço alcançado agora já é suficiente para trazer novas expectativas para um campo que é tão promissor que não foi abandonado mesmo depois de anos sem progressos significativos e apesar dos contínuos melhoramentos nas tecnologias tradicionais.

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