Entenda melhor o impacto da pesquisa
A vacina RV 144 combina dois imunizantes que não tinham funcionado. O que é curioso, justamente, é que a combinação de dois fracassos (um da Sanofi-Pasteur e outro da Global Solutions) tenha resultado em um sucesso, mesmo que ainda bastante modesto.
Modesto porque o resultado foi o seguinte: metade dos 16.402 voluntários recebeu seis doses das duas vacinas em 2006 e metade recebeu placebo (substância sem efeito). A partir de então, fizeram testes regulares para verificar a presença do HIV durante três anos. Do grupo que tomou placebo, 74 pessoas foram infectadas. Do grupo que tomou vacina, 51.
Na avaliação do coronel Jerome Kim, médico que gerencia o programa da vacina contra o HIV no exército americano, ainda que a diferença seja pequena, é estatisticamente significativa e quer dizer que a vacina foi 31,2% efetiva.
Para Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas, dificilmente um cientista consideraria tentar licenciar uma vacina que não seja 70% ou 80% efetiva. Mas acrescentou que "se você tem um produto, ainda que pouco protetor, você vai observar as amostras de sangue, compreender que tipo de resposta particular foi efetiva e direcionar pesquisas para isso".
Uma das duas substâncias que foram combinadas para criar a RV 144 foi a Alvac-HIV, da Sanofi-Pasteur, um vírus em que foram embutidos três genes do HIV. Variações da Alvac foram testadas na França, Tailândia, Uganda e Estados Unidos: eram seguras, mas geravam pouca resposta imunológica.
A outra, Aidsvax, é uma versão criada por bioengenharia de uma proteína localizada na superfície do vírus da Aids. Foi testada entre usuários de drogas tailandeses em 2003 e entre homossexuais dos Estados Unidos e da Europa. O resultado foi que a Aidsvax simplesmente não protegia da infecção.
A Alvac foi concebida para criar anticorpos. A Aidsvax, para alertar leucócitos. Se foram um fiasco sozinhas, parece que a dupla consegue algum sucesso no combate ao HIV.
Fonte: G1
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