Há quase 40 anos foram descobertos os dois únicos medicamentos disponíveis contra Chagas. O problema é que eles não são administrados na fase crônica da doença, nem são muito eficazes. Entretanto, mais de 90% dos pacientes só descobrem que sofrem de Chagas já nessa fase crônica. O objetivo do novo tratamento é justamente atuar com mais eficácia na fase crônica da doença, em especial entre pacientes adultos.
Transmitida pela picada do barbeiro, a doença de Chagas é uma doença infecciosa fatal. No Brasil há 3 milhões de pessoas com a enfermidade. Na América Latina e Caribe a doença é endêmica em 21 países. São cerca de 8 milhões de pessoas infectadas, com cerca de 14 mil mortes por ano.
A doença de Chagas mata mais pessoas na região do que qualquer outra doença parasitária, incluindo malária. Sem diagnóstico e tratamento adequados, 1 em cada 3 pacientes desenvolve a forma fatal da doença com o crescimento do coração. Com frequência, os pacientes precisam de marcapassos, desfibriladores e, em alguns casos, de transplante de coração. Mas muitos morrem subitamente – sem saber que estavam infectados.
A DNDi é uma parceria de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos sem fins lucrativos fundada em 2003. Sete organizações de diferentes partes do mundo se uniram nessa parceria: Fundação Oswaldo Cruz do Brasil, Conselho de Pesquisa Médica da Índia, Instituto de Pesquisa Médica do Quênia, Ministério da Saúde da Malásia, Instituto Pasteur da França, Médicos sem Fronteiras (MSF) e Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (TDR) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Globalização
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos diagnosticados vem crescendo nos últimos anos por causa da migração populacional e da inclusão de novas áreas de transmissão até então não endêmicas como Austrália, Estados Unidos, Canadá, Japão e Europa.
A “globalização” da doença está relacionada a outros tipos de transmissão como a transfusão de sangue, a transmissão congênita e o transplante de órgão.
O novo remédio é o E1224, uma “pró-droga” do ravuconazol – quando entra no organismo, o E1224 se transforma no antifúngico, que tem demonstrado in vitro e in vivo ter uma atividade potente contra o parasita responsável pela doença. Ele foi desenvolvido pela Eisai, uma empresa farmacêutica japonesa.
Assim que estiver pronto, o novo medicamento será comercializado a preço de custo aos setores públicos e ONGs que trabalham com a doença de Chagas, afirma em nota a DNDi.
Fonte: G1
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