As próximas etapas da exploração humana do espaço continuam como uma incógnita. Tudo começou quando o presidente Barack Obama encomendou uma revisão dos planos da NASA - e não se pode negar que o futuro da exploração espacial ainda é largamente dependente do rumo que os Estados Unidos decidam tomar, tanto isoladamente quanto em cooperação com outros países.
Até então, a volta do homem à Lua na próxima década era tida como uma certeza. Logo depois as coisas começaram a apontar para Marte, que poderia ser um objetivo mais promissor. Mas Marte é mais distante e os robôs têm muito a fazer por lá ainda. Então, talvez fosse melhor pousar em um asteroide.
Buraco gravitacional
Agora, a comissão da Casa Branca que estuda todas essas alternativas está considerando mais uma possibilidade: Que tal mandar os astronautas para um "buraco gravitacional," um lugar absolutamente vazio, onde não existe nenhum corpo celeste onde se possa pousar e que fica quatro vezes mais distante do que a Lua?
Pode parecer sem sentido à primeira vista. Mas não se atentarmos para o fato de que esse buraco gravitacional é o chamado Ponto de Lagrange, o ponto no espaço onde a aceleração da gravidade da Terra e do Sol são exatamente iguais. Sem serem puxados para um lado e nem para o outro, os objetos nesse ponto podem permanecer lá indefinidamente com um gasto quase nulo de combustível.
Rodovia espacial
Acontece que pontos de Lagrange não são exclusividade da Terra e do Sol. Eles existem em qualquer lugar onde a gravidade de dois corpos celestes se anulem. Assim, existem pontos de Lagrange entre a Terra e a Lua, entre todos os planetas e o Sol, entre os pares de planetas vizinhos, entre os planetas e suas luas e assim por diante.
Teoricamente, uma nave poderia se movimentar pelo Sistema Solar mais rapidamente, e com pouco consumo de combustível, se usasse as rotas entre os diversos pontos de Lagrange, criando uma espécie de Super Rodovia Interplanetária - veja o conceito em Super-Rodovia Interplanetária barateará missões.
Oficina de telescópios espaciais
E isto não seria tudo quando se trata desses buracos gravitacionais. Vejamos o caso do Ponto de Lagrange entre a Terra e o Sol conhecido como L2. Situado a mais de um milhão de quilômetros da Terra, é para lá que foram enviados os mais novos e poderosos telescópios já construídos pelo homem, como o WMAP, o Herschel e o Planck.
E é justamente para lá que serão enviados todos os telescópios espaciais que ainda estão sendo projetados.
Isto acontece porque, nesse ambiente estável, longe das perturbações causadas pelas radiações do Sol, da Terra e da Lua, os telescópios podem operar de forma extremamente precisa, sem estarem sujeitos a ruídos que atrapalhem a leitura de seus instrumentos ultraprecisos.
Com tantos telescópios na região, os cientistas que assessoram a Casa Branca acreditam que o Ponto L2 pode se transformar em uma verdadeira oficina de telescópios espaciais, que poderiam ser consertados como o Hubble.
Teste de tecnologias
Há justificativas também para aqueles que ainda sonham com uma viagem tripulada a Marte. Explorar os buracos gravitacionais seria uma oportunidade interessante para testar as tecnologias para uma viagem de maior duração.
Uma viagem ao Ponto de Lagrange L2 levaria cerca de um mês, contra seis meses de uma viagem a Marte. As comunicações levam apenas 4 segundos para vir do L2 à Terra, enquanto são necessários 20 minutos para que uma mensagem chegue de Marte.
Enquanto checam a saúde dos telescópios espaciais, os astronautas poderiam testar sistemas de suporte de vida e de proteção contra a radiação cósmica que serão essenciais para uma viagem a Marte.
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