Apesar de apresentarem manifestações clínicas diferentes, em alguns casos fazer o diagnóstico diferenciado entre os dois tipos torna-se um desafio, dificultando o tratamento do paciente.
A meningite é um processo inflamatório das membranas que envolvem o cérebro, podendo ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, parasitas e fungos.
O diagnóstico diferencial entre as duas etiologias é fundamental para decidir o tratamento adequado para cada caso.
Devido à capacidade de causar surtos, as meningites bacterianas e virais são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública.
Interleucinas
Para identificar o tipo do agente infeccioso envolvido no caso, o diagnóstico baseia-se, principalmente, na avaliação clínica do paciente pelo médico e no exame laboratorial do líquor (líquido encefalorraquidiano, que envolve o sistema nervoso).
Agora, os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) investigaram como as citocinas, proteínas que atuam como mediadores nos processos de resposta imunológica, podem ser utilizadas para diagnostica a origem da meningite.
Os pesquisadores estudaram especificamente as interleucinas, tipos de citocinas que podem ser encontradas no líquor.
Os resultados indicam de que a concentração das chamadas interleucina 6 (IL-6) é elevada no liquor nos casos de meningite e que a interleucina 8 (IL-8) pode ser uma importante ferramenta para o diagnóstico diferencial, apontando a origem viral ou bacteriana do quadro.
Marcador biológico
A pesquisa foi motivada pelo interesse de investigar a possibilidade de haver um marcador biológico que pudesse ser utilizado para diferenciar os casos de meningite bacteriana e asséptica.
"Nosso principal questionamento foi se seria possível, pela medida da resposta inflamatória do líquor dos pacientes, encontrar substâncias que indicassem quando o líquor era originário de um paciente que estava com infecção bacteriana ou o que apresentava meningite asséptica", explica o pesquisador Hugo Caire de Castro, um dos responsáveis pelo estudo.
"Partimos do pressuposto de que a resposta inflamatória que está ocorrendo no sistema nervoso central do paciente poderia ser uma oportunidade para avaliar as características moleculares distintas desta resposta inflamatória. Para isso, fizemos um painel das diferentes citocinas que poderiam atuar como mediadoras no processo inflamatório e comparamos a participação de cada uma delas", completa.
Confiabilidade
Apesar dos resultados positivos, o pesquisador lembra que é necessário avançar nos estudos para que a confiabilidade dos resultados seja confirmada.
"Os resultados do estudo foram animadores. No entanto, como trabalhamos com um conjunto de 60 pacientes é necessário ampliar o universo amostral para obtermos resultados mais definitivos.
"Além disso, todas as amostras analisadas foram de um Centro de Referência para Meningite, então, seria interessante incluir pacientes de outros hospitais em avaliações futuras.
"Essas medidas aumentariam a capacidade de validar o uso do exame de citocinas para o fechamento do diagnóstico de meningite de origem indefinida", conclui.
Fonte: Redação do Diário da Saúde
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