terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cientistas tornam medula espinhal transparente

Em acidentes que lesionam a medula espinhal, os longos filamentos das células nervosas, chamados axônios, ficam danificados, levando a diversos níveis de paralisia.

Há muito tempo os cientistas pesquisam formas de induzir esses axônios a se regenerar, restabelecendo as conexões nervosas, o que poderia devolver os movimentos aos pacientes.

Como essas células nervosas se estendem por uma escala de milímetros, a única forma de estudá-las - e tentar estimulá-las à regeneração - era tirando fatias dos tecidos e analisando-as sob o microscópio.

Contudo, isso dá aos cientistas apenas uma visão bidimensional dos tecidos - e as células nervosas não crescem em camadas superpostas como se fossem uma pilha de folhas de papel.

Agora, cientistas alemães desenvolveram uma técnica que torna a medula espinhal transparente, permitindo que as células nervosas sejam examinadas em 3D em um tecido intacto.

Medula espinhal transparente

A nova técnica é baseada em um método chamado ultramicroscopia, desenvolvida por Hans Ulrich Dodt, da Universidade Técnica de Viena (Áustria). Frank Bradke e seus colegas do Instituto Max Planck (Alemanha) fizeram um upgrade na técnica original, permitindo que a medula espinhal se tornasse transparente.

O princípio é relativamente simples.

O tecido da medula espinhal é opaco porque a água e as proteínas contidas nele refratam a luz de forma diferente.

Os cientistas então removeram a água de uma amostra de tecido da medula espinhal, substituindo-a por uma emulsão que refrata a luz exatamente da mesma forma que as proteínas.

Isto criou uma amostra de tecido intacta, mas totalmente transparente.

"É o mesmo que aconteceria se você espalhasse mel sobre um vidro texturizado," explica Ali Ertürk, principal autor do estudo. Neste caso, o vidro quase opaco se torna claro como um cristal porque o mel compensa as irregularidades da superfície.

Qualquer tecido transparente

"O que é realmente importante nesta pesquisa é que a nova técnica pode ser aplicada a outros tipos de tecido," diz o Dr. Bradke.

Por isso ele afirma que o trabalho é um verdadeiro salto evolutivo para as pesquisas no campo da medicina regenerativa e de vários outros.

Por exemplo, os cientistas poderão ver, pela primeira vez, como um tumor se incorpora nos tecidos sadios ao seu redor, tudo em 3D.

Recuperação da medula espinhal

A medula espinhal é rota mais importante para a troca de informações entre a pele, os músculos e as juntas e o cérebro. Danos às células nervosas nessa região resultam em paralisia e perdas de sensação irreversíveis.

Diversas tentativas têm sido feitas para regenerar essas células danificadas.

Lesão medular contornada por estimuladores acionados por luz
Conexões nervosas são restauradas depois de lesão na medula espinhal
Optogenética induz movimento muscular usando luz

Uma das maiores dificuldades, contudo, é observar as próprias células, para ver se as terapias em desenvolvimento estão dando resultados ou não, o que demonstra a importância desta nova técnica.

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